terça-feira, 21 de julho de 2009

Lunar - The Silver Star

Esta resenha é especialmente dedicada ao Raul, que compartilha em nível semelhante do meu amor por esse jogo.



















"Lunar - The Silver Star". Um título lançado para o Sega CD em meados da década de 90. Fez tanto sucesso que foi relançado para Sega Saturn, sob o título "Lunar - The Silver Star Story", e posteriormente uma versão ainda melhor para Playstation, "Lunar - The Silver Star Story Complete". Um RPG simples, com gráficos de 16 bits e sistema de jogo basicão. Seu único atrativo óbvio eram as cenas em anime da Working Designs muito bem feitas, com vozes gravadas em boa qualidade (na época do Sega CD isso era pure gold). Como um jogo tão simples, com poucos atrativos aparentes e LOTADO de clichês pôde fazer tanto sucesso, e ser exaltado por gerações de consoles e jogadores? É isso que eu vou tentar explicar, começando pelos personagens, em ordem de aparição.













Alex
Por que ele é tão clichê?
Um rapazola criado numa pequena cidade de interior, que admira a lenda do poderoso Dragonmaster Dyne e deseja ser um Dragonmaster também. Aprendeu a lutar com seu pai, que fora um grande espadachim quando mais jovem, e lutara ao lado de Dyne. Mais clichê que isso, só se ele tivesse um bichinho de estimação falante... ops, ele tem! Nall, o gato falante voador. É o clássico personagem principal de RPG.

Por que ele é tão legal?
Do início ao fim, o Alex é um banana. Até o instante final de jogo, quando ele já se tornou ainda mais poderoso que Dyne, ele ainda é inseguro, imaturo, bonzinho e dependente dos outros. Você ganha simpatia por ele; queria estar lá, lutando no grupo dele. Além disso, é muito legal ver o progresso dele, à medida que ele se torna mais poderoso, e precisa superar seus medos. E ele fica MUITO estiloso como Dragonmaster.















Luna
Por que ela é tão clichê?
A "namoradinha" do herói. Frágil, sensível, meio ciumenta e meio panguona. Relutantemente segue Alex em suas desventuras. Por mais que queira só viver a vida em paz, sabe que tem algo no destino reservado à ela. E LÓGICO que, mais pra frente, muito mais que tornar-se Dragonmaster, é salvar o rabo da Luna que move o Alex até o fim do mundo.

Por que ela é tão legal?
A carinha dela é uma graça, os ataques de ciúme dela são uma piada, a história que a cerca é muito legal... mas acima de tudo, a Luna é tão legal porque ela canta. Ela canta PRA CARALHO! O canto dela tem propriedades mágicas, e não é só no jogo. Te juro que até hoje eu tenho vontade de chorar só de PENSAR na cena em que ela canta no navio a caminho de Meribia. It's that fucking touching.
















Ramus
Por que ele é tão clichê?
O gordinho de óculos, medroso, ganancioso e esperto. Porra! Preciso falar mais?

Por que ele é tão legal?
Ramus só passa o comecinho do jogo no seu grupo, mas durante todo esse tempo, ele será seu personagem favorito. Ele é muito engraçado, principalmente quando se acovarda ou passa a perna nos outros. Em Meribia, ele acaba comprando uma loja, e lá fica para administrá-la. Posteriormente venderá alguns dos melhores equipamentos do jogo. Em Lunar - Eternal Blue (segundo jogo da série) a loja da família de Ramus está passando por uma crise, às portas da falência... mas esse jogo se passa 1000 ANOS depois do primeiro! Vai ser bom empreendedor assim lá na China!










Laike/Dyne
Por que ele é tão clichê?
Numa das primeiras dungeons do jogo (Floresta da Neblina), seu grupo se fode e é salvo por Laike, um lenhador de roupas meio escocesas, barba densa, voz de barítono bem-humorada... no lvl 99, com a melhor espada do jogo! Na boa, se você na mesma hora não adivinhou que ele era o Dyne, jogue-se da ponte. Junto com Ghaleon, Lemia Ausa e Mel de Alkirk, formava o primeiro grande grupo de guerreiros fodões do mundo.

Por que ele é tão legal?
Ele é um lenhador estaile que, por acaso, é o guerreiro mais poderoso do mundo. Quer mais? Tá bom... ele é engraçado, e a história de como e porque ele abriu mão de ser Dragonmaster é muito bacana. Dyne é foda, e Laike é foda vezes três.















Nash
Por que ele é tão clichê?
O mago bonitinho, inteligente, estabanado, relativamente poderoso e bastante arrogante (em Lunar, só quem passa pela academia de Vane sabe usar magia arcana. Nash tem certo renome por lá, então ele se acha). Geralmente quem mais se acha foda é quem mais se fode, e Nash é o único do grupo a ser malvado por um tempo (além de viver enfiando os pés pelas mãos no decorrer do jogo).

Por que ele é tão legal?
Meu personagem favorito do jogo, e por quê? Olhem o que citei acima: não lembra alguém? Ele tem um jeito de falar peculiar, é um personagem muito útil, e protagoniza os diálogos mais engraçados do jogo inteiro. Não cansa ver o Nash tratar o resto do grupo como caipiras iletrados, esculhambar com qualquer um que não trate a Mia como uma deusa, e exaltar Vane sobre o resto do mundo tal qual um curitibano.








Mel de Alkirk
Por que ele é tão clichê?
Junto com Ghaleon, Lemia Ausa e Dyne, formava o primeiro grande grupo de guerreiros fodões do mundo.
Um homem-tigre brutamontes, ex-pirata e governador da maior cidade do mundo.

Por que ele é tão legal?
Junto com Ghaleon, Lemia Ausa e Dyne, formava o primeiro grande grupo de guerreiros fodões do mundo.
Um homem-tigre brutamontes, ex-pirata e governador da maior cidade do mundo.
Porra, clichê ou não, quer mais legal que isso?















Mia Ausa
Por que ela é tão clichê?
Uma jovem bruxa, bonitinha e meiga; humilde, apesar da grande autoridade que tem, sendo filha da diretora da Academia Arcana de Vane. Não me ocorreu nada no momento, mas eu sei que já vi esse personagem em algum lugar. Ah, nem preciso dizer que ela forma par romântico com o Nash, né?

Por que ela é tão legal?
Bom... ela não é muito não. Sei lá, acho que alguém tinha que ser chato, né? Definitivamente a personagem que menos gosto. Ela é bem sábia e calma, e isso é bacana. Segundo o enredo, ela é mais poderosa que o Nash, mas ele acaba dando um baile nela, mais adiante no jogo.








Lemia Ausa
Por que ela é tão clichê?
Junto com Ghaleon, Dyne e Mel de Alkirk, formava o primeiro grande grupo de guerreiros fodões do mundo.
Feiticeira mais poderosa do mundo, diretora da Academia Arcana. Quando você a conhece, ela tem feito um monte de absurdos, e você logo descobre que ela havia sido seqüestrada e substituída por uma sósia, Xenobia.

Por que ela é tão legal?
Chata que nem a filha. Depois de resgatada, sua presença passa quase desapercebida na história.















Ghaleon
Por que ele é tão clichê?
Junto com Mel de Alkirk, Lemia Ausa e Dyne, formava o primeiro grande grupo de guerreiros fodões do mundo.
Ele é um guerreiro-mago de poderes incomensuráveis, sabedoria ímpar e um charme e poder de liderança únicos. Um dos maiores sustentáculos das forças do Bem, e único guerreiro à altura do Magic Emperor. Sendo assim, LÓGICO que ELE é o Magic Emperor! É ainda mais óbvio que ver que o Laike é o Dyne.

Por que ele é tão legal?
Ele tem um ar de imponência, um estilo foda, frases de impacto bacanas*, e aí vai: a única coisa que não é clichê nesse jogo é a motivação para "ser mau" do Magic Emperor. Um puta vilão legal.
*Uma das melhores frases de efeito que já ouvi foi proferida por ele em Eternal Blue, ao anunciar que ainda estava vivo: "If there is a God of Destiny, He sure is a fan of plot twists."















Jessica de Alkirk
Por que ela é tão clichê?
Uma sacerdotisa meio truculenta, que parece ter errado de carreira. Apesar de ser poderosa como sacerdotisa (porra, essas magias de cura são uma mão na roda, especialmente depois que você perde a Luna), talvez fosse melhor se ela fosse uma pirata como fora seu pai, Mel. Disfarça por agressividade gratuita sua fragilidade emocional e sua paixão por Kyle.

Por que ela é tão legal?
Ela é meio-besta, então ela tem mesmo uma cara agressiva que a torna muito legal. Seus conflitos pessoais são os mais interessantes do jogo, e suas brigas (aos berros) com Kyle só não são mais engraçadas do que suas brigas com Nash, com quem entra em maior conflito de personalidade.















Kyle
Por que ele é tão clichê?
O bárbaro burro, bêbado e mulherengo, bruto e mal-educado, mas de bom coração. Acabei de ler a descrição de uns 16 personagens de RPG com o qual já joguei, no video-game e na mesa.

Por que ele é tão legal?
Ele é um burro engraçado, não um burro irritante. Vive fazendo merda, falando merda e enchendo o saco do grupo todo. Só pára de discutir com Jessica pra discutir com Nash. A primeira vez que você o vê ele está travestido, tentando atrair as bruxas que estão seqüestrando cantoras... e você ri. Único personagem do grupo que não esconde sua afeição pela contraparte, e vive dando em cima da Jessica com cantadas engraçadas. Não é o mais engraçado do jogo, mas é engraçado o tempo todo.













Tempest
Por que ele é tão clichê?
O líder de uma tribo indígena, protetora da fronteira lunar. Másculo, inteligente e preocupado, mas um pouco impulsivo. Clichê de jovem líder, tipo o Bart de Xenogears. Usa um arco, como todo bom índio.

Por que ele é tão legal?
A primeira vez que você vê o Tempest (depois, claro, dele te salvar de uma caralhada de monstros com uma chuva de flechas explosivas), ele está surrando um cara por motivos pouco justificáveis. Posteriormente sai correndo sozinho dizendo que vai pegar o Ghaleon de porrada. Ele também tem uma voz legal, imponente, e aquela postura de quem não leva desaforo pra casa. Meio difícil explicar porque o Tempest é foda. Tem que jogar pra saber, mesmo...



































Lunar - The Silver Star
Por que ele é tão clichê?
Um RPG de enredo manjado e linear, já visto em pelo menos uma dúzia de outros, com personagens praticamente default. Suas técnicas de luta são mais manjadas que de personagens de D&D, "surpresas" nem um pouco surpreendentes e um final até bem óbvio. Se você lesse uma sinopse básica e menos aprofundada desse jogo, nem lhe daria atenção.

Por que ele é tão legal?
Nas entrelinhas desse enredo gasto, ficam elementos de história muito bacanas. A relação entre os personagens é bem interessante, os próprios são cativantes, e o sistema de jogo é gostoso de jogar. A música é a melhor já vista num RPG, as animações são muito bem feitas, as vozes muito legais, e os diálogos muito, mas MUITO bem escritos. O jogo é super engraçado, e se simplesmente as risadas que ele te proporciona não te motivarem a jogar, você não tem senso de humor. Outra coisa muito interessante é que o mundo de Lunar é na Lua... e daí? Foda-se! Em quase momento nenhum do jogo isso é levado em questão, e não altera em quase nada o enredo. Esse fato só terá impacto mesmo no "Eternal Blue". Achei no mínimo bacana, isso. Os dragões são legais, cada qual com sua própria personalidade, sendo alguns engraçados (rachava o bico com o Dragão Azul), outros mais sérios, mas todos são legais.

Minhas considerações finais: clichê e básico, sim; mas também cativante, interessante e estimulante. Um dos melhores RPGs que já joguei, e recomendo a qualquer um que tenha tempo livre e um Playstation à mão.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

McDuplo é retirado do cardápio

Que perda trágica, que desgraça, que infortúnio homérico!

Dou graças aos deuses de ser informado em tão comovente redação por um querido colega pela internet, em ambiente adequado. Tivesse recebido essa notícia pelos negligentes e gélidos lábios do caixa, talvez perdesse os sentidos alí mesmo, estupefato pelo cataclisma. Nesse momento encontro-me escandalizado, mordendo meus cotovelos em protesto e mágoa pela defenestração de meu queridíssimo nº 8, o delicioso McDuplo.

Antes um fiel seguidor do nº2, o Quarteirão com Queijo, passei a saborear única e exclusivamente as delícias do soberbo McDuplo uma vez confrontado com o arco-íris de deleite proporcionado pelo pão/queijo/carne, na medida ideal e na combinação perfeita. Nunca mais me atrevi a comer um Quarteirão, e agora não mais retornarei ao McDonald's sob hipótese alguma, pois não conseguiria levar a cabo o boicote revoltado do Karito. A mera tentativa frustrada de obter um McDuplo traria lágrimas aos meus olhos, e eu choraria copiosamente, apoiado ao balcão, soluçando, com meu rosto derramando diferentes fluidos, enquanto minhas mãos crispadas no ar me compeliriam a entoar "FUUUUUUU..."

Adeus, McDuplo. Meu coração perdeu um átrio.