terça-feira, 17 de novembro de 2009

Survival Horror Parte 4/6 - Clock Tower

Andava sem qualquer vontade de escrever nos últimos tempos... a vontade voltou.

Clock Tower é um jogo peculiar. Não tem nada a ver com os sistemas mais populares de Survival Horror vistos atualmente, que carregam em sua grande maioria influências de Resident Evil. Não apresenta jogabilidade empolgante, não tem bons gráficos, e um enredo insólito (na verdade, tão ruim que é engraçado pacas). Mas merece ser listado e comentado, começando pela trama.

Jennifer Simpson e suas amigiuinhas são órfãs vivendo em um orfanato na Noruega. Elas são adotadas por Mr. Barrows, um recluso magnata que vive em uma mansão conhecida como Clock Tower, em alusão à grande torre de relógio presente. Chegando na mansão, a governanta desaparece, e Jennifer sai à sua procura. Logo suas amiguinhas desaparecem. Uma breve investigação já revela que foram massacradas por um menino deformado, armado de uma tesoura gigante. O menino é Bobby Barrows, o psicopata filho de Simon Barrows. No processo de tentar desvendar os mistérios da mansão e salvar a própria vida, Jennifer deve encarar uma série de perigos e complicados quebra-cabeças, sempre com o sanguinário Scissorman no seu encalço.

Em Clock Tower 2, a sobrevivente Jennifer é adotada por Helen Maxwell, assistente de um renomado psiquiatra de Oslo, que a ajuda a superar os traumas de suas terríveis experiências. Ninguém parece realmente acreditar nos demoníacos gêmeos Dan e Bobby Barrows, muito menos no carniceiro da tesoura gigante... até ele surgir novamente, trazendo à tona os horrores da mansão Clock Tower. Scissorman parece não estar satisfeito com Jennifer ter sobrevivido, e supostamente dado cabo dos irmãos Barrows. Seria esse assassino um dos irmãos, sobreviventes do incêndio da mansão? Ou alguma outra figura, ainda desconhecida? O que dizer das misteriosas pessoas que agora fazem parte da vida da jovem Jennifer?

O jogo é assim tão memorável por introduzir um conceito amplamente explorado em diversos títulos do gênero: o stalker. Um inimigo implacável, um perseguidor fortemente motivado a tornar a vida do protagonista (e de quem mais aparecer pela frente) um inferno na Terra. Podemos citar como exemplos Mr. X (Resident Evil 2), Nemesis (Resident Evil 3), Piramyd Head (Silent Hill 2) e, de certo modo, o T-Rex (Dino Crisis). Mas Scissorman foi o precursor do gênero, vanguardista do inimigo chato, pentelho, e que sempre surge de modo a fazer os pêlos do seu pescoço levantarem, ou seus olhos saltarem das órbitas.

Clock Tower não é um jogo longo, não possui grande replay value, e não é nem um pouco "difícil" (não possui puzzles complexos, nem batalhas). Mas é um jogo que provoca EXTREMA tensão, por uma combinação de motivos muito simples: Scissorman é o único inimigo do jogo, mas ele NUNCA pára de te perseguir, e pode sair dos lugares de onde você menos imagina, como de dentro de um armário, ou até fingindo ser estátua (tive que pausar o jogo pra rir disso). E o jogo é de point-and-click (você anda e interage com comandos do mouse). Imagine-se sendo perseguido por um nanico com uma tesoura gigante, clicando freneticamente em direção da saída mais próxima, ou de algum objeto que possa ser usado como arma, com seu personagem calmamente ANDANDO, não importa o quão perigosamente próximo o assassino esteja! Eu não aguentava jogar esse jogo por mais de meia-hora sem parar, pois a tensão era demais! Eu me via com o coração acelerado, a respiração ofegante, o controle escorregadio de suor!

Um jogo interessante, no mínimo. Não era a intenção dos criadores que assim fosse, mas é muito engraçado! Deixou sua marca no universo Survival Horror com a introdução dos stalkers, e quem não acredita em mim quando eu falo, tente jogar esse jogo algum dia, mas jogar MESMO, pra fechar com o melhor final, e veja se você não vai ouvir os terríveis sons de risadinhas e tesouras batendo nos ouvidos toda noite ao colocar a cabeça no travesseiro.