quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

The Big Bang Theory

Sou um pobre idiota... minha própria ignorância me constrange. Só não espalha que eu disse isso.

Há quem diga que o Universo brotou de um centro. Um ponto de infinita massa, que repentinamente, por razões improváveis, explodiu e jogou porcaria pra todo lado. Eu acredito nisso. Mas "pra todo lado" seria pra onde, exatamente? Que "todo lado" é esse num "espaço" "infinito" onde não existe "nada"? Será que algum dia descobriremos com certeza a verdade da gênese?

E quem acredita em coisas como vida além da morte, imortalidade da alma, e essas coisas? Gente como eu? Aí que fode, mesmo. Será que há algum plano paralelo para onde vai nosso "espírito", e de onde ele vem? Se existe, será que lá haverá alguma resposta? Pois afinal, se lá tem "gente" que existe desde tempos imemoráveis, não deveria essa galera ter visto o começo, e tido tempo pra caralho pra estudar e compreender (principalmente por ter visto como tava antes)?
O que seria esse "antes"? Tipo, uma bolinha minúscula de massa equivalente à do Universo inteiro. Pesado pra caralho, né? De onde saiu essa massa toda? Será que era éter, que foi virando matéria? Sei lá, chutei... éter me parece a coisa mais próxima entre a matéria e a não-existência... se foi assim, por que? O que desencadeou essa mudança? Seria o éter uma espécie de célula-tronco da matéria? E se assim for, de onde ele surgiu? Você vai voltando, voltando... como do átomo pra elétrons, prótons e nêutrons, daí pra coisas como pósitrons, e deles pra quarks... quanto mais você pensa chegar próximo da origem, mais longe se sente dela.

Ao que parece, o Universo está em expansão... aquela explosão aconteceu faz tanto tempo, e seus efeitos ainda são sentidos, pois continua a voar porcaria Universo afora. E aí? Será que voa pra sempre? Estaremos um dia ainda mais afastados do resto do Universo quanto já estamos hoje? Quando que vai acabar a força centrífuga gerada pelo Big Bang? E quando acabar, acontece o que? Será que a gravidade dos corpos celestes vão atrair uns aos outros até voltar tudo pro meio de novo? Olha só, cheguei sem querer a outra teoria que já tinha lido uma vez: a de que o universo é pulsante. Se é, a vida parece ainda mais misteriosamente insignificante. De que adianta construir um legado e deixar o seu nome na história, se uma compressão atômica desmedida vai apagar tudo o que você já fez, sem qualquer possibilidade de registro? Será que vale a pena só viver dentro de seu próprio tempo? Ou vale a pena contar com a existência de outro plano, infinito, implacável? Seria ele meso implacável? Será que espíritos morrem?

Tudo isso é pura cogitação, teoria, hipótese. Não sei e nunca saberei as respostas de nada disso, acredito. Mas gosto desse tipo de pensamento. As teorias são sempre boas, especialmente as erradas. Um evento tem uma explicação correta - a verdade - e um bilhão de erradas. Mesmo que a gente erre, restarão só mais umas 999.999.999 tentativas de descobrir a verdade. Acredito mesmo é que muitas dessas coisas são incompreensíveis ao cérebro humano. É informação abstrata e complexa demais para nós, e procuramos em vão. Mas como escreveu Kant, das duas uma: ou o Universo sempre existiu e tudo está desse jeito desde sempre, o que é absurdo; ou ele começou num determinado tempo finito, o que significa que houve um espaço de tempo infinito antes disso. De qualquer forma, o tempo é infinito e absoluto. E infinitamente procuraremos mais respostas em vão. E por quê? Porque muito maior do que a inteligência humana, é a curiosidade humana. E muito maior do que a curiosidade humana, é a arrogância humana - O quê? Eu, humano, genial, supra-sumo do existencialismo, não sei como tudo começou? Tá louco?!?!?!

Um homem pode ser levado à loucura pensando nessas coisas. Mas como eu já sou meio maluco, posso me dar ao luxo.

Pensamentos soltos que tive hoje lendo Stephen Hawking. Vou lá ler mais.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Dusting and explaining

Puxa, tanto tempo que não escrevo nada aqui... mas tudo bem... pela quantidade de respostas, faz tempo que também ninguém lê... xDDDDDD

Bom, como vocês bem sabem (ou pelo menos muitos sabem) estou num período de muita dificuldade... sem dinheiro, sem trabalho estável e, o pior de tudo, sem PC onde escrever... por isso ainda vai levar um tempinho pra eu poder voltar a escrever aqui... pelo menos mais um mês, eu acho... mas prometo uma avalanche de textos engraçados quando voltar, pois minha criatividade reprimida terá muito a declarar quando tiver oportunidade xD

Abraços pros leitores, e fica pra próxima =)

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Eleições em castanhal

Antes de mais nada, uma notificação: eu passei um mês inteiro escrevendo esse texto e adicionando novos fatos. Várias vezes vocês lerão "Hoje aconteceu tal coisa", mas não foi tudo no mesmo dia, alright?

Não importa em que cidade, estado ou país você more, tempos de eleição são sempre uma grande piada. Sempre há uma nova pataquada, uma palhaçada específica para cada região. Aqui no Pará não é diferente; de fato, é aqui que the shit hits the fan. A temporada de eleições foi inaugurada para mim quando começaram a divulgar as coligações. Estava eu vendo a televisão, e quando anunciaram a coligação "Pra Belém ficar pai d'égua"*, em meio às minhas risadas eu tive a certeza de que teria um longo e hilário texto a escrever num futuro próximo.

Pai d'égua = expressão paraense equivalente a "bom pra caralho".

A segunda coisa na qual reparei foi, no mesmo dia, voltando para casa. Vi desenhada no muro a coligação a qual pertence o atual prefeito: PR, PDT, PSDB, DEM, PMN, PP, PSB, PPS, PCdoB, PSC, PV, PTB e PTdoB. FUCKING LONG! I mean, só eu vi algo de MUITO errado nessa coligação, será só coisa da minha cabeça?

As campanhas compõem um show de horrores inédito na minha vida. Pra começar, o horário político. Duas vezes por dia eu sou bombardeado com uma avalanche de políticos de quinta; todos expostos pela rede local, que ainda opera em VHS. As péssimas imagens foram incrementadas nos últimos dias por uma mensagem de "HEAD CLEANING REQUIRED!" (necessária limpeza de cabeçote). Acho que hoje eles tentaram e fracassaram em limpar o cabeçote, pois a mensagem não apareceu, mas as cores também não.

Segue abaixo uma estatística dos políticos que se pronunciam:
75% não conseguem dizer Outubro (outubo ou utubu)
50% não conseguem dizer Castanhal (castinhal)
90% mencionam o Jaderlândia* e/ou o Fonte Boa e/ou o Imperador
100% possuem jingles
70% são vesgos**
85% comem o "s" em palavras no plural

*Jaderlândia costumava ser uma fazenda de propriedade do Jader Barbalho, que a galera chegou e tomou conta. As maiores casas de lá tem cerca de 60m²... sinta o drama. Bairros como o Imperador e o Fonte Boa não são muito melhores.
**Comecei a reparar nisso pela quantidade exorbitante de vezes que meu pai zombava dos políticos dizendo "Ei, tou aqui! Olha pra mim!"

Meu vereador favorito é o Bené, o cara que não sabe nem o próprio número de cor e possui a eloqüência e habilidade oratória do coelhinho da Duracell. Além, é claro, da boa aparência. Mas não esqueçamos alguns magníficos, como o Pintinho do Fonte Boa e o Zé do Ovo.

Um fato solto: os erros de digitação nas legendas são mais freqüentes do que seria normalmente aceitável, sendo que o mais comum é "liçensa".

Os candidatos apelam com alguns estratagemas francamente risíveis. O Sinval, que parece mais um pagodeiro do que um prefeito, não apela com nada, é um daqueles meramente figurativos. Aldenir tem uma nova carta sob a manga da qual falarei em breve. Nunca vi uma cidade onde o PT fosse tão fraco. Hélio Leite, o prefeito sem pescoço, tem o fator supremacia. Mas o que mais me faz rir é o Dr. Soares. Antes deixe-me explicar: nada contra ele, eu até gosto da plataforma dele. Mas que o cara é um comédia, ele é. Pra começar que as pessoas que ele coloca pra falar são algumas das mais feias e menos eloqüentes que já vi. Um deles diz "Não tem nada aqui. Não tem segurança, não tem saúde, não tem nada aqui. O prefeito não faz nada aqui. Não passa carro, não passa nada aqui" PORRA MAN, que não tem nada eu já saquei! Mas, muito mais do que isso, ele aparece com aquela língua de 17Kg e cara de criança super-envelhecida, falando que "...Castanhal tá um filé, uma maravilha, Castanhal tá uma boneca!" Como não rir? Ainda sobre a língua de 17Kg dele, é grande demais pra ficar dentro da boca, então ele fica sempre de boca semicerrada, num sorriso pateta, com o linguão de fora. Isso só torna mais engraçado ainda o quadro dele com o Jader Barbalho. You see, Jader Barbalho é o ACM do Pará, nosso coronel. Sendo do mesmo partido, quem melhor que ele pra botar moral? Daí temos o Barbalhão lá, falando com aquela pose de político pica larga, quebrando a banca, e segurando o pulso do Soares, que fica um pouco atrás dele, com a cara de bobo, boca semicerrada e língua de 17Kg exposta. Parece um filho pequenininho pedindo pro pai discutir com a professora que o colocou de castigo. É engraçado demais, só vendo pra entender.

Agora chegamos à pior parte. Castanhal é a cidade das músicas dantescas e dos pavorosos carros de som. Como disse anteriormente, TODOS os candidatos possuem jingles de campanha. Se no sudeste esses jingles já eram horríveis, imagine aqui, onde até a música normal é insuportável?45% fazem seus jingles parodiados de technobrega, outros 45% de forró. Essas músicas já são quase sempre paródias, daí temos paródias de paródias, com tema político e música infardável. Os 10% que escapam dessa listagem não são muito melhores.

Na capital mundial do carro de som, todos esses horrendos jingles são tocados constantemente, das seis da manhã às dez da noite, cidade afora nas malditas "naves", as quais já descrevi anteriormente. Estou eu, conversando com meus botões, quando alguma merda do naipe de "Olê! Olê olê olá! É no Jair Filho que agora eu vou votar!" vem me neurar. É de cair o cu da bunda!
Por falar em jingles, eu achava até 15 minutos atrás (seriously) que o pior de todos era o Hélio Leite, o prefeito vigente. O número da legenda dele é o 22, então seu comitê de campanha teve a nefasta idéia de criar a "Rádio 22", bloco que toca todos os seus VINTE E DOIS JINGLES! FUCK! Não basta uma, o cara me faz VINTE E DUAS músicas horríveis, que tocam every-single-fucking-minute! Mas o PT quis mostrar que faz melhor. Estava tranqüilamente curtindo minha mais recente aquisição literária, quando meu ouvido é dilacerado, tal qual um golpe de terçado nas bolas, pelo novo jingle de campanha do candidato Aldenir:

"É 13! É 13! É 13! É 13! É 13! É 13! É 13! É 13! É 13! É 13! É 13! É 13! É 13!
E quem não agüentar, pode ir pescar!
É 13! É 13! É 13! É 13! É 13! É 13! É 13! É 13! É 13! É 13! É 13! É 13! É 13! É 13 neles!
13! 13! 13! 13! 13! 13! 13! 13! 13! 13! 13! 13! 13! 13! 13!
Não tem jeito não, meu filho! É 13!
É 13! É 13! É 13! É 13! É 13! É 13! É 13! É 13! É 13! É 13! É 13! É 13! É 13!"

E por aí vai, num loop infinito!

Infelizmente eu não vi o desfecho desse cataclisma, pois me mudei às pressas de volta à Santos. Mas estou certo de que o que foi postado aqui já o suficiente para umas boas risadas. Abraços a todos =)

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

The Running Man

Permitam-me tomar sua atenção por um momento. Agradeço a todos que tiveram a parcimônia e a boa-vontade de atender ao meu pedido e prestar um minuto de sua atenção à minha declaração. Permitam-me contar a história de um rapaz que passa por sofrimentos os quais um jovem escritor de classe média não comumente protagoniza. Permitam-me contar a história de um rapaz que se meteu numa confusão do tipo que a gente só vê nas novelas da TV. Permitam-me contar a história de um rapaz que está correndo para salvar a própria vida.

Por que eu vim para o Pará? Tantas vezes fui perguntado, e para algumas eu descrevi detalhadamente a situação, embora tenha despachado a maioria com um bem-humorado "Ainda estou tentando descobrir". No início do ano quando, por motivos que pretendo manter em segredo, eu organizava minha mudança para Curitiba, minha família recebeu uma visita inesperada. Zenildo Taylor, padrasto da minha mãe, e seu filho Kim, vieram à Santos. Ao que parecia, a família Taylor sofrera um baque tremendo e inesperado com a morte da esposa de Zenildo. Numa jornada em busca de si mesmo, e de uma nova razão para se viver, eles regressaram à Santos em busca de sua família, família essa que incluía minha mãe, seu marido e seus filhos. Ele queria ter a família unida novamente, ter todos junto consigo no Pará, onde ele poderia prover a todos com uma vida digna e confortável, junto àqueles que lhe desejam o melhor: sua própria família.

Needless to say, as coisas não eram bem assim. Mas eu chego lá.

Fascinados por essa idéia de uma vida tão maravilhosa, meus pais decidiram que iríamos ao Pará. E eu achei a idéia maravilhosa, pois precisava mesmo mudar de ares um pouco, e tratei de ajudá-los a convencer meus irmãos. Long story short, viemos ao Pará. E foi quando a merda acertou o ventilador.

Zenildo gradualmente revelava sua verdadeira natureza: um monstro, um homem verdadeiramente mesquinho e cruel. Sua so-called popularidade em Castanhal era justamente o contrário: poucas vezes vi alguém tão temido e odiado em algum lugar. Era mal visto em todos os lugares aonde ia, e denegriu nossa imagem na cidade imediatamente, simplesmente por nos associar a ele. Por meses nos foi difícil encontrar trabalho e amigos, por estarmos cobertos pela sombra de infâmia que esse estelionatário impôs sobre nós. E eu digo estelionatário pois ele nada mais é que um criminoso. Buscava diariamente nos extorquir desde que aqui chegamos, ameaçava-nos violentamente, bem como qualquer outra pessoa que se pusesse em seu caminho. Opera um jornal com uma licença jornalística falsa, uma vez que nem mesmo concluiu o Ensino Médio, e rouba artigos de outros jornais para abastecer seu jornal com matérias inócuas e despropositadas. Sua verdadeira intenção ao nos trazer para cá era era explorar a imensa inteligência e capacidade do meu pai, e o diploma de jornalismo da minha mãe. Mal sabia ele que não estava mexendo com trouxas, e não nos deixamos intimidar nem sermos roubados por esse facínora. Nossa recusa em, francamente, "trabalhar por ele" foi o golpe final em sua desgraça, e a vida de Zenildo Taylor finalmente atingiu o fundo do poço.

Esta semana, porém, as coisas complicaram. Às portas da falência, Zenildo está tentando tirar dinheiro de qualquer um e de qualquer jeito, sob sua especialidade: a intimidação e agressão. Porém, como sempre, não nos deixamos intimidar por ele. Numa tentativa desesperada de provocar a fúria do meu pai - afinal, ele é um idoso comprovadamente insano. Uma agressão contra ele significaria uma gorda indenização - ele foi ao trabalho de meu pai, onde o agrediu verbal e fisicamente. Mas em lugar de ceder à provocação, meu pai foi à polícia. O delegado teve imenso deleite em ver alguém finalmente se erguer contra essa ameaça à sociedade, e logo tratou de enquadrá-lo em DEZENAS de crimes. Mas a história não acaba aqui.

Acuado, enfurecido e insano, Zenildo fez aquilo que andava ameaçando já há muito tempo: planeja matar-nos um por um. Aqui é fácil e barato contratar um pistoleiro, por isso não duvido nada que ele possa ter feito isso. Eu queria ficar e enfrentá-lo, pois não tenho medo dele, mas meu pai foi inflexível: ele vai mandar minha irmã de volta à Santos. Ele me mandou com ela para protegê-la, mas sei que diz isso só para amaciar meu orgulho; na verdade, ele teme pela minha segurança também. Enquanto isso, o processo continua correndo. Meus pais agora andam sob escolta policial e, com alguma sorte, esse bandido receberá a devida punição.

Quanto à mim... estou voltando para São Paulo com minha irmã. Saio de Castanhal hoje para voltar ao lugar do qual nunca deveria ter saído, e com a sombra da morte a nebular o céu sobre minha cabeça. Tou voltando, gente. Wish me luck.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Onde eu vim Pará - Parte 4

Hoje apresentarei um texto incomum. Vocês já leram meus relatórios esculachando, comicamente, Castanhal, e devem ter uma impressão de que aqui é o inferno na Terra... mas aqui não é assim tão ruim. De fato, tem umas coisas muito boas, e essas coisas eu enumerarei agora.

1- Baixíssimo custo de vida: Enquanto que algumas coisas são muito mais caras (um par de pilhas palito custa um cu virgem por aqui), a maioria das coisas são muito mais baratas. Comida, transporte, cerveja (Brahma a 2,50 *-*), açaí 3 reais o litro... Mesmo ganhando pouco, dá pra ter uma vida plenamente confortável, pois ser rico no Pará é bem diferente de ser rico em São Paulo. E as contas, então?! Água, luz... Pense no quanto você paga de IPTU na sua casa. Algumas centenas de reais por mês, né? Pois eu pago somente 13 reais... POR ANO! Morram de inveja! Ou não...

2- Reaveriguação do povo: Logo que cheguei aqui, eu fui logo metendo o pau em como as pessoas eram feias e sem-graça. Mas eu logo verifiquei que aqui é só como qualquer outro lugar do mundo: as pessoas mais... digamos, elitizadas... andam em seus próprios grupos e freqüentam seus próprios ambientes. O acaso foi me lançando na companhia de pessoas novas de quando em quando, e eu já conheci pessoas tão legais, interessantes e bonitas quanto qualquer sulino, e fiz amizades significativas por aqui.

3- Mercado de trabalho sedento: Uma coisa não dá pra salvar no povo paraense: galera aqui é preguiçosa pra caralho. Nego passa fome, mas não trabalha mais do que acha que deveria, ou com um emprego que julga "abaixo do seu padrão". É como um estado cheio de Befs. Justamente por isso, quem chega aqui disposto a trabalhar com afinco e, mais ainda, com já alguma formação, encontra prestígio com espantosa facilidade. Chegamos em Castanhal com uma mão na frente e outra atrás, e já estamos dando a volta por cima em menos de seis meses. Aqui é muito fácil enriquecer e conseguir um bom padrão de vida, basta ter garra. Estou ainda lutando por isso, mas já tenho bons prognósticos.

4- Incentivo ao esporte: Nunca vi uma cidade com tantas praças/ginásios esportivos. A qualquer hora e dia, você pode sair de casa e encontrar alguém em algum lugar jogando alguma coisa, indo desde o futebolzinho até hóquei! Quando lembro que eu e o Vegeta rodamos de carro por Santos por mais de uma hora, e depois só conseguimos jogar um basquetinho invadindo a sede da Polícia Federal...

5- Santistas: Santista é uma praga, qualquer lugar você vê um. Lembro quando tava vendo o jogo de vôlei da seleção em Pequim: tava lá uma bandeira do Brasil pendurada, e logo ao lado um cara balançando uma do Santos. Castanhal não é exceção. Logo nas primeiras semanas aqui, conheci um cara que morava pertinho da minha casa, em Santos! E já vi gente aqui andando com camisas do Santos, e meus camaradas já visitaram Santos... quem vem de lá se sente confortável e facilmente adaptado, ainda mais pelo clima ser extremamente semelhante.

6- Comédia: Porra, esse lugar é hilário! Todo dia eu acho algo novo do qual posso esculachar aqui! Como é que alguém vai se sentir entediado num lugar tão ridículo?

É, bem, vou parar por aqui... não consegui pensar em mais nada. Mas já dá pra ver que aqui não é o sétimo círculo do Inferno... só o terceiro, acho. E com amigos, tudo fica mais tolerável. Por isso, já me sinto confortável por aqui, e preparado pra agüentar mais uns bons anos =P

BÔNUS!

Pra variar, eu insisto em me torturar. Nesses dias que fiquei acamado, estava assistindo novamente a bendita Ana Maria Brega (mesmo doente eu não consigo dormir até tarde). Assisti à reportagem sobre a Cristoteca, uma balada evangélica. Imaginem o quanto não ri. Têm idéia do quanto não ri quando o cara falou "Ah, ficar de pegação aqui não rola. Quando a gente vê alguém mais juntinho assim, num canto, eu pergunto 'Tem espaço pro Espírito Santo aí no meio?', e a galera já saca"? Sim, eu ri muito. Logo em seguida, entra a nefasta falando que é legal uma balada sem drogas, e emenda "Falando em drogas... aliás, falando em coisa boa..." AHÁ! Te peguei no pulo, hein Ana Maria? Em seqüência ela desatou a falar sobre como os alimentos se assemelham à parte do corpo que seus nutrientes beneficiam. Eu tava imaginando a mim mesmo dizendo "Ei Ana Maria, o cupuaçú beneficia o que, hein?", quando o glorioso Louro José respondeu por mim. Mostrando fotos de laranjas cortadas, ela pergunta "Você acha que essas laranjas lembram o que, Louro?" Ao que ele responde: "Seios!" Way to go, papagaio!

terça-feira, 23 de setembro de 2008

Doente, mas presente

Foi preciso que eu adoecesse e faltasse aos meus compromissos pra ter um tempinho de postar aqui, hahaha.
Peguei uma gripe, e tou aqui panguando, entre a vigília e a inconsciência. Mais uma vez, peço perdão pela demora em atualizar, mas eu ando terrivelmente ocupado. Besides, têm rolado aqui uns apagões épicos, de passar horas sem energia na cidade inteira, e estes insistem em se manifestar justamente quando sento-me ao PC pra escrever alguma coisa. Mas já estou com um texto escrito para o post dessa semana =)
Agradeço a todos pelos comentários, e pelo feedback extremamente positivo. É a busca por agradar sempre mais que me motiva a continuar escrevendo.
Agora poderei dedicar alguns minutos à leitura dos textos dos meus amigos. Tem muito material acumulado xD

domingo, 24 de agosto de 2008

Onde eu vim Pará - pt. 3

Perdõem a falta de atualizações mas, como vocês podem ver pelo título desde editorial, eu escrevo esses textos em meus momentos de tédio, e estes andam cada vez mais raros. Tou que nem siri na lata, aqui. Essa desculpa é igualmente válida para me desculpar por não comparecer aos seus blogs, nem ler os textos que me foram enviados. Sinto muito, muito mesmo. Creio que logo voltarei a alguma normalidade.

Eu ia fazer um texto falando coisas boas que andam acontecendo por aqui, mas vocês merecem um texto engraçado, do tipo que eu escrevo melhor quando tou de péssimo humor (como hoje) e saio quebrando a banca xD
Podemos começar com meu assunto favorito: música paraense.

Então, eu soube que aquela maldita música do "Chupa que é de uva" se espalhou pelo Brasil. Believe me, folks... eu já odiava essa música antes de vocês saberem que ela existe. Mas essa música, aqui no Pará, é até legal, em comparação com algumas pérolas da arte. Recentemente ouvi um forró que foi uma maravilha. Tava passando pela rua, e de repente ouço um maldito carro de som tocando:

"Um mais um
Na matemática do amor, o resultado também não é três
Talvez
Multiplicando nosso amor você me compreenda"

WTF? Que porra de letra de música é essa? Mas... podia ser pior! Vocês acham que a banda Calypso é ruim? Pelo menos o Chimbinha escreve as próprias músicas! Isso no Pará é raridade.
A seguir, a lista de algumas músicas que eu já vi terem sido "traduzidas" para o brega:

Cher - Life after love
NX Zero - Razões e Emoções
Phil Collins - Invisible Touch
Rihanna - Umbrella (três versões diferentes)
James Blunt - Same Mistake (pelo menos umas 5 versões, incluindo uma do "Walbinho dos teclados")
Bonnie Tyler - Total Eclipse of the Heart
E muitas outras...

Pra completar, a música paraense agora achou um modo de fazer meus ouvidos derramarem ainda mais sangue arterial: agora eu ouço constantemente fucking jingles de campanha política compostos de paródias de brega, melody* e forró. Mas eu tratarei desse assunto num post exclusivamente dedicado à eleições paraenses. Aguardem.

*Acabei de perceber que nunca falei de melody aqui. Bom, não tem muito a se dizer. É tipo um brega mais dançante =P

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Se eu pudesse selecionar a coisa que eu mais odeio em Castanhal, seria o Restaurante Nagasaka. De quinta à domingo, à noite, rola o "Forró do Japa"; é só seguir o bat-sinal para se deparar com um show execrável. O que realmente me choca são as propagandas extremamente hiperbólicas dos shows. E olha que eu sou um cara muito exagerado! Exemplos:

Forrozão Tropycália: O show mais esperado do ano!
Isso porque o Scorpions vai tocar em Belém, em setembro.

Desejo de Menina: Esse cara tem um gogó de ouro!
Cara... não, tipo, não! Não, ele não tem!

Caviar com rapadura: Um super-mega show para Castanhal!
Destaque para o nome do grupo.

Léo Magalhães: O maior talento da atualidade!
Esse é meu favorito. O cara não é só bom... ele é o MAIOR-FUCKING-TALENTO da atualidade!

Como é só 10 reais pra entrar, o lugar sempre lota, com umas 1000 pessoas num lugar onde mal cabem 300.
Agora que trabalho no Yázigi meu ódio pelo Nagasaka cresceu 600%. Sabem por quê? Porque fica do outro lado da rua! Daí quinta, sexta e sábado eu tenho que me sujeitar àquele MALDITO carro de som tocando forró e anunciando o show a tarde inteira!

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Agora, vou contar alguns "causos", só pra desbaratinar.

Daí saio eu para comprar farinha no mercadinho perto de casa.

Loner: Aí chefe, cê tem farinha?
Caixa: Ah, tenho, ali.

Olho e só vejo farinha de mandioca. Paraense fica sem água potável, mas não fica sem farinha de mandioca, é impressionante.

Loner: Não chefe, farinha de trigo, cê não tem?
Caixa: Ah não, não tenho. Faz um tempão que não tem.

Esforço-me em disfarçar meu desprezo por um mercado que não vende farinha de trigo

Loner: Ah beleza, então vou lá na padaria ver se o cara me vende um quilo...
Caixa: Ah, não vai vender não...

Tirando 20 num teste de força de vontade pra não mandar o caixa à merda, fui à padaria.

Loner: Daê chefe, será que você pode me vender um quilo de farinha?
Padeiro: Ah, eu não tenho farinha.

Recusando-me a aceitar que uma padaria não tenha farinha, tentei novamente.

Loner: Não tem farinha de trigo, cara?
Padeiro: Ah, tenho sim!

Respirando fundo, esperei ele separar um quilo de farinha. Num saco de supermercado, ele colocou quase três quilos e me entregou. Eu decidi que era melhor não dizer nada e ir embora.

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Certo domingo, durante o Faustão, pops estava a expressar seu descontentamento pela novela das oito...

Pops: Puta, graças à Deus hoje é domingo, não tem Zé Bob pra me aborrecer...
Faustão: Hoje vamos receber o ator Carmo Dalla Vecchia!
Pops: ¬¬"

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Outro dia entra uma mulher completamente pinel no laboratório. Ela chega, com aquele olhar que só o vácuo encefálico é capaz de proporcionar, e diz à minha mãe que procura um médico. Resistindo à tentação de dizer que não temos psiquiatra, continuo calado em minhas anotações.

Mom: É serviço de pediatra ou alergista?
Bate-pino: É... alergista, é? É.
Mom: Ah... tá... certo, como é seu nome?
Bate-pino: É tal (esqueci, gente)
Mom: E seu telefone?
Bate-pino: *murmura algo ininteligível*
Mom: Perdão?
Bate-pino: *mumble, mumble*
Mom: Pode falar mais alto?
Bate-pino: Trezentosetrês...
Mom: Perdão?
Bate-pino: Trezentos e três...
Mom: 303? E o que mais?
Bate-pino: Trezentos e três...
*pops esconde o rosto atrás da revista*
Mom: Você tá sozinha?
Bate-pino: Não, eu estou comigo.
*Saio, não podendo mais conter o riso*

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Por enquanto tá bom. Semana que vem tem mais. Agradeço a visita de todos =)

segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Lendas Lendárias do Cursinho: Parte 3/3 - O Insulto Final

Finalmente, a tão esperada segunda parte das histórias do cursinho =D

O comentário do Carrera lembrou-me algo. As cartas ao Igor renderam ao nosso pequeno quarteto (Carrera, Judeu, Pantera e eu) e nossos amigos mais próximos uma certa popularidade entre a turma. Sem qualquer pedido ou incentivo, formou-se uma corrente de informações que concentrava-se no Judeu. A qualquer momento podia aparecer algum bilhetinho na mesa do Judeu, com informações como "Fulana quer pegar o Simão", "Hoje é aniversário do Adotado" ou "O nome do Boné Branco é Gilvan Jr." Isso ajudava muito a tornar nossas brincadeiras (principalmente as cartas) mais engraçadas e atualizadas.

Outro pequeno fato é que todos os professores imitavam siri por trás da bancada. A melhor imitação era a do professor Papai Noel.

Outro pequeno fato: o dono do Objetivo é o mesmo dono da UNIP. De quando em quando, os professores mencionavam faculdades. Ao começar a falar da UNIP, eles aumentavam o volume do microfone, dizendo que "A UNIP É UMA EXCELENTE FACULDADE, TOP DE LINHA...", enquanto os alunos entoavam "Olha o salário subindo!"

Lembrei-me do lual do cursinho. Ou melhor, de seu acontecimento. Tudo que me lembro do lual do cursinho é de uma fogueira, uma rodinha de "natural", muito álcool, o Piu-piu ficando pelado, uma longa conversa com o Fifo, trabalho braçal, meu primeiro beijo à três, e essa foto*. Foi uma boa noite... pelo menos o pouco que me lembro dela. Carrera, sinta-se livre para fazer mais comentários.

O professor Webel, de geografia, era famoso por suas gracinhas. Aplicava a terapia "Eu sou feliz!" ao aluno que desenhasse o mapa mais expressionante de nojento no Concurso KiNojo, dava para os alunos que respondiam certo uma balinha importada de "Itanhanhém", manifestava seu descontentamento balançando a cabeça entre muxoxos e murmurando "Expressionante!", e repudiava o cantor Wando, o qual ele freqüentemente criticava em aula. Conta a lenda que ocorreu um concurso no rádio que premiaria uma mulher com um jantar com o Wando. Um aluno (o que divulgou a história) foi inscrever o professor no concurso, mas o atendente respondeu que somente mulheres poderiam se inscrever. E completou "Mas vem cá, quem é esse tal de Webel? Você já é a quinta pessoa hoje ligando para inscrevê-lo"

Os professores de Biologia eram, de longe, as maiores figuraças. O professor Ambrósio era bom professor e bastante engraçado. Vivíamos mandando-lhe bilhetinhos perguntando como funcionava o sistema digestivo dos klingon, entre outras piadas de trekkie.

O professor Abe era uma figura. Um japonês baixinho, muito surdo, e que falava com um sotaque muito engraçado era quem mais rapidamente arrancava risadas dos alunos com suas piadinhas sem graça (Por que o mar é azul? Porque o peixinho faz "blu blu blu...") e seus mantras de aprendizado:
Abe: Pteridófita é...?
Classe: Planta!
Abe: Porque qualquer palavra, qualquer palavra, qualquer palavra que termina com fita é...?Classe: Planta!
Abe: Aêêê!
Um dia, durante uma aula de física, ele apareceu pela janelinha da classe. Ao ser convidado a entrar pelo professor Seu Peru, ele colocou a cabeça pela janela e disse "Non, non... só a cabecinha!"

O professor Fabião é outra figuraça. Eleito vereador (e posteriormente, deputado) praticamente só com votos de alunos, fazia a alegria da moçada. Fingia ser um aluno em dúvida dizendo: "Mas Fabião, seu gordo... escroto... como é isso aí que eu não entendi, ô balofo?" Coçava o saco, peidava no microfone, lançava arroizadas às alunas, e por aí vai. Escrevia ofensas ao professor Batatinha no topo da lousa, onde ele não alcançava, e dizia que, se fosse mentira, era só ele apagar. Uma vez, durante uma aula, um aluno exigiu silêncio da classe em esbórnia, ao que o professor respondeu: "Bah, aqui é o Biju, aqui é zueira! Quer ter aula, vai pro COC!" A represália foi grande, pois ele nunca mais fez essa piada.

O professor Papai Noel era muito engraçado. Quase sempre, ao mencionar portugueses, fazia um breve roleplay que começava com "Eu sou um purtugais... olhe a barriga!" Mencionava Parelheiros (um bairro muito afastado da Grande São Paulo) sempre como um lugar muito distante (Daí os judeus fugiram para um lugar onde ninguém pudesse encontrá-los... Eles foram para Parelheiros!) Sempre usava como ofensa os termos "Corintiano" e "Crustáceo" (Esse facínora! Meliante! Corintiano!) E vivia a se lamentar por morar perto demais do Parque São Jorge. Em dada aula, ele anunciou que em 18xx fora inaugurada a primeira faculdade de Medicina, em Salvador. E o Carrera completou "Ah, então foi aí que começou a imigração japonesa!"

*Na foto, da esquerda pra direita: Judeu, Popeye, uma guria, Boné Rosa, Simão (de penteado novo), Fifo, Phil Collins e eu embaixo.

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

Turn and face the strain

A última parte das histórias do cursinho está armazenada num computador temporariamente inacessível. God knows que eu não vou digitar tudo de novo. Então assim que puder pegar o texto, pego e posto. Mas até lá, fiquem com mais histórias. Sempre que as pessoas conversavam sobre suas prévias mudanças de casa eu me resignava a ouvir, sem ter minha própria experiência para compartilhar. Em 22 anos de vida, eu só havia me mudado agora, quando vim para o Pará, e mesmo assim eu havia perdido a parte mais difícil do processo, que é esvaziar a casa anterior. Porém, dessa vez eu estive envolvido no processo, e tenho que dizer uma coisa: ou eu passei por um processo excepcional, ou mudança é uma das coisas mais tensas que podem pintar na rotina de alguém. Nunca antes tive que usar tão ao extremo minha força e astúcia (principalmente força). Mas estou certo de que a minha mudança foi peculiarmente difícil. A inspiração pra esse texto veio durante a própria, e eu elaborava o mesmo a cada passo, fazendo uma espécie de perfil do quão viril esse processo pode ser.

1- Como você desmonta os móveis de casa?
[ ] Contrata uma equipe
[ ] Com as ferramentas adequadas
[x] Com um canivete
Com meus pais trabalhando e meu irmão longe de casa, coube à mim desmontar a casa inteira sozinho com a única ferramenta que eu tinha em mãos: um canivete multiuso chinês (nem suiço era), o que tornou a missão ainda mais difícil. Para desmontar os móveis mais altos, eu ainda contava com um pequeno andaime improvisado e seriamente avariado. Sem contar que ainda haja muque pra segurar os móveis semi-desmontados para que não caiam e se destruam.

2- Para desmontar as peças pregadas, você:
[ ] Usa ferramentas elétricas
[ ] Usa um martelo
[x] Usa os punhos
Vou te contar, nada nesse mundo me deu uma sensação de virilidade tão forte quanto desmontar um armário no soco. Depois de desparafusar, sobraram só as placas pregadas que eu, com certo êxtase, mandei pelos ares na porrada. Durante o processo eu ainda tratei de soltar uma infinidade de impropérios a cada surpresa desagradável, e fazendo pausas de quando em quando para evitar a fadiga.

3- Depois de desmontar a casa toda, você:
[ ] Toma um banho e relaxa
[ ] Arruma tudo
[x] Toma uma breja e come um sanduíche
Vamos esclarecer uma coisa: numa mudança, o homem faz o trabalho pesado. Ele desmonta, carrega, quebra e empurra. Arrumação é o trabalho da mulher, bem como o de preparar um bom sanduíche para o homem. A única exceção se aplica às ferramentas; nunca - e eu reitero, NUNCA! - deixe uma mulher mexer em suas ferramentas. In a nutshell, foi graças à mulheres mexendo em ferramentas que eu acabei restrito a usar esse canivete (que, por sua vez, representou uma arrumação fácil)

4- Como você carrega as coisas para o caminhão?
[ ] Pede para os outros ajudarem
[ ] Usa carrinhos e outros apetrechos
[ ] Carrega uma coisa de cada vez
[x] Carrega quantas coisas conseguir de uma vez
Primeiro esclareçamos uma coisa: um macho de verdade nunca admite que algo é pesado demais para ele carregar. Se ele tiver que carregar uma geladeira sozinho, god knows que ele vai carregar ou morrer tentando. A reação mais comum a algo pesado demais é alegar preguiça e procrastinar ("Ah, depois eu levo, tem essas coisas aí no caminho atrapalhando! Tira isso daí que eu vou tomar uma cerveja, e aí eu levo"). Então lá ia eu, carregando coisa de uns 50, 60kg de uma vez (o que me rendeu dores no dia seguinte, mas finjam que eu não disse isso). Felizmente ninguém faz uma mudança totalmente sozinho, então todos solidariamente ajudam nas piores partes, como a geladeira e a máquina de lavar.

5- Como você vai para a nova casa descarregar os móveis?
[ ] No seu carro
[ ] No caminhão
[x] Na caçamba do caminhão, segurando a carga
Era tanta coisa que tivemos medo de que algo caísse pelo caminho. Daí fui eu, empoleirado na caçamba do caminhão, segurando as tranqueiras empilhadas. Quando o colchão saiu voando e eu peguei em pleno ar, percebi ter tomado a decisão certa. Uma cerveja e um cigarro adicionaram alguns pontos de hardcore ao processo.

6- Qual o melhor tempo para executar a mudança?
[ ] Num dia ensolarado
[ ] Numa tarde nublada
[x] Numa noite chuvosa
Pois é, além disso tudo, fui tomando chuva ¬¬"

7- Qual o melhor percurso para seguir com o caminhão?
[ ] Uma estrada ampla
[ ] Ruas da cidade
[x] Estradinhas de terra esburacadas
Cada solavanco me dava a sensação de que seria, a qualquer momento, sumariamente ejaculado de cima do caminhão. Cheguei muito perto de voar longe umas três vezes.

8- Uma vez em sua nova casa, o que faz primeiro?
[ ] Liga a TV
[ ] Toma um banho
[ ] Liga um CD do Phil Collins
[x] Liga um CD do Pantera
Colocar os móveis pra dentro de casa ao som do NX Zero que os vizinhos estavam ouvindo foi uma tarefa épica. Pra mostrar que tipo de som um macho de verdade ouve, botei um bom CD do Pantera bem alto (tá certo que também tinha Velvet Revolver no CD, mas Velvet também é maneiro).

E aqui estou eu agora, nesta casa onde ficarei temporariamente. Já dá pra perceber que tou bem avançado na dungeon, porque todos os inimigos subiram de level: aqui é muito longe, muito escuro, os vizinhos são emos, as lagartixas viraram realmente pequenos lagartos, o sinal de rádio da internet não alcança tamanha distância, e por aí vai. Mas tem um ponto bom: os Midnight Carnivals acabaram, pois a população artrópode desta casa é tal qual a de uma casa comum. Não mais passo horas caçando criaturas de seis pernas pela casa.

domingo, 20 de julho de 2008

Lendas Lendárias do Cursinho: Parte 2/3 - Algumas histórias

Oh yes! A espera valeu a pena! Finalmente trago-lhes hoje algumas das histórias dos tempos de cursinho.

Das minhas histórias favoritas tiro primeiro as cartas ao Igor. O nosso professor de História, além de ser um excelente professor, era dotado de uma voz grave e impressionante. Era hábito no cursinho os alunos enviarem as dúvidas ao professor por pequenos bilhetes, bem como comentários e observações. Um belo dia, o Judeu enviou um bilhete ao professor.

"Querido Igor. Estava com saudade dessa sua voz aveludada.
Ass: Vítor Carrera"

Estava lançado. Em meio às gargalhadas da turma e protestos do Carrera, começava aí uma tradição. Todas as quartas-feiras, durante a aula de História, Judeu, Carrera, Pantera e eu desenvolvíamos bilhetes de conteúdo romântico, erótico e cômico ao professor. A presença de certas expressões-chave, como "voz aveludada", "cavanhaque", "amante latino", entre outras era imperativa, e os mesmos vinham sempre assinados por alguma figura de destaque da classe. Impossível, após tantos anos, lembrar-me de uma das cartas até os mínimos detalhes, mas acho que ainda consigo simular um trecho... imagine que este que se segue foi retirado de uma das cartas que escrevíamos:

"Igor, passo noites em claro sonhando com sua paixão latina. Quero sentir seu cavanhaque roçando minha nuca, ouvir sua voz aveludada sussurrando besteirinhas no meu ouvido enquanto nos enroscamos pelas areias de uma praia deserta como dois mangustos excitados." ... e por aí vai...

O professor parava, lá pela metade da aula, anunciando "Hora dos comerciais" e lia seus bilhetes com sua pré-mencionada voz retumbante, sendo nossas cartas o momento mais aguardado por todos. A classe inteira ria, mesmo os alunos mais sérios e aplicados. O momento derradeiro era quando o professor anunciava o "autor" da carta, sempre pego de surpresa.

Classe: *gargalhadas*
Igor: "Com amor, Phil Colins"
Phil: ahahahahaha... ei! Eu não, eu não!
Classe: ahahahahahaha! Puto! ahahahahaha!

Não sei dizer com certeza, mas uns 90% dos apelidos mencionados no último texto assinaram cartas ao Igor (inclusive o meu, do Judeu e do Pantera. Fora o preço por se omitir da carta no dia)

Dizia-se que o professor Wilson, de física, era gay, apelidado carinhosamente de Seu Peru. Ao entrar na classe era saudado pelos alunos com calorosos "glu glu", que sempre se encerravam ao início da aula. Um dia, porém, um dos alunos se excedeu e prosseguiu fazendo glu glu durante a aula, ao que o professor, encolerizado, respondeu: "Vem cá, moleque? Cê é retardado? Cê tem problema, porra? Cala a boca, idiota!", para júbilo do resto da classe.

Dizia-se que o professor de Literatura era seu irmão. Reconhecidamente bom de copo, Rafinha sempre encerrava suas aulas com um efusivo "Meninas, juízo! Rapazes, não bebam!", ao que era respondido com coros de "Hipócrita!" (coros esses feitos sempre que o mesmo condenava o álcool durante suas aulas). Rafinha possuia um conhecimento impressionante de sua área, e era fã confesso de Camões, chegando a vir em trajes de gala no dia em que daria aula sobre o poeta. Sempre que fazia referência ao mesmo, anunciava "o maior escritor da língua portuguesa", inspirava profundamente e se preparava para praticamente bradar "Camões!", sendo 99% das vezes interrompido por algum aluno dizendo "Paulo Coelho!", ao que ele respondia com um ríspido "Bobão!". Ainda durante as aulas, ao ter suas perguntas corretamente respondidas por alunas, os outros alunos pediam que ele as beijasse. Ele dizia "Gente, eu não posso! Eu fiz um juramento!" enquanto se encaminhava para a mesa da aluna, enquanto os outros alunos diziam "Ah, foi na UNIP, não vale!" Beijava e comemorava discretamente e voltava. Todos provocavam "A do lado!", e tudo se repetia. E assim ia, até que "a do lado" fosse um homem, ao que ele respondia "Epa! Peraí! Eu posso estar sozinho, mas sei o que quero!" Quando fazia menção à homossexualidade, dizia que fulano era "... como meu irmão, professor Wilson". Mas um dia em que a sala estava particularmente indisciplinada realmente impacientou o Rafinha, que gritava "Chega! Chega!" Para surpresa de todos, Wilson passou em frente à classe e imitou: "Chega! Chega! Porra, vira homem, rapá!", destruindo agora qualquer tentativa de silenciar a classe.

A última história de hoje (contarei mais no próximo post) é a famosa história do Pêssego, para fechar com chave de ouro. O professor Fabião vivia a mencionar uma certa história envolvendo pêssegos e o professor Sílvio (cujo nome ele dizia sempre após fingir soprar os cabelos para fora dos olhos, em referência aos cabelos lisos do professor de Química), mas nunca chegava a contar a história. Um dia, após feroz insistência, ele contou a história.
Reza a lenda que o professor sempre teve uma fantasia de comer pêssegos de cima de uma garota. Uma bela noite, uma garota topou realizar essa fantasia. Daí brincadeirinha vai, brincadeirinha vem, num dado momento ele estava a comer um pêssego colocado bem sobre a toca do tubarão. um movimento pouco coordenado, o pêssego escorregou pra dentro! Cutuca daqui, cutuca dali, mas não conseguiu tirar o pêssego (e a guria devia estar achando o máximo!), e acabou deixando lá mesmo! Mas como se não bastasse isso, no dia seguinte ele recebe uma ligação no celular. Era a guria, aos prantos "Ai, acho que eu abortei! Fui no banheiro, daí saiu essa coisa meio laranja de mim, eu tou tão assustada..."

Semana que vem eu posto mais algumas, pois um texto muito longo acaba enchendo o saco. sem contar que, fazendo isso, garanto visitas por mais uma semana xDDDDDD

Será que alguém do cursinho está lendo isso?

domingo, 13 de julho de 2008

Um interlúdio educativo

Eu não costumo escrever coisas sérias por aqui... geralmente é a válvula de escape das minhas bobagens... mas hoje vai servir como válvula de escape da minha frustração como cidadão, escritor, estudante e (tentativa de) intelectual.*

*Desculpa, mas as histórias do cursinho vão ficar pra semana que vem.

Ontem eu tava assistindo o programa do Jô, quando foi entrevistado o ministro da Educação. Fazia tempo que não via o Jô, e fico muito feliz por não ter ido dormir cedo ontem, pois foi uma entrevista assaz interessante. Devo dizer, porém, que mais do que informado ou entretido, essa entrevista me fez bastante pesaroso.
O que posso dizer do nosso admirável ministro é, infelizmente, um triste adjetivo: pobre coitado. Sim. Sabe aquela cena do filme "O Último Samurai" em que aqueles guerreiros valorosos e competentes são alvejados por gatling guns? Ele é o general samurai: um grande espadachim cercado de idiotas com metralhadoras.
Apoiar a educação no país já é uma dança da morte. Vivemos num país de bosta que aprovou o corte de verbas para a educação no clímax da Era da Informação (tipo Rise of Nations, quando você chega no máximo, fraga?) e o resultado só poderia ser o que aconteceu exatamente: os países que investiram na educação progrediram e alcançaram os céus, enquanto o Brasil, com seu vasto capital mal-investido, continuou à deriva do mundo moderno.
Ser professor no Brasil é uma merda: se você é professor de escola particular, você é pago pra ensinar as pessoas a ganharem mais dinheiro que você. De escola pública, é pago pra fingir que ensina. Os alunos fingem que aprendem, o governo finge que fiscaliza e o Brasil finge que tá melhorando. Aos 33 anos, o ex-aluno finge que foi educado e eu finjo que me importo com a situação dele do outro lado do balcão da lanchonete.
Outra coisa que me revolta, como eu acabei de mencionar, é a fiscalização do ensino. O ENEM é uma piada de muito mal gosto. Eles adoram publicar todo ano como os resultados do ENEM melhoram progressivamente, que o ensino médio brasileiro está se aprimorando... o que eles não dizem é que o ENEM é uma ofensa ao corpo docente brasileiro e aos alunos avaliados! As perguntas são fáceis, ridículas... eu já vi passatempos de gibi da Mônica mais difíceis que questões do ENEM. O próprio governo está dizendo aos brasileiros: "Ô idiota! Responde isso aqui direito pra eu poder dizer pros outros que não é graças à nós que você não vai conseguir passar no vestibular!"
Pra finalizar com a pataquada que é o disfarce da péssima educação pelo governo, fica a questão dos vestibulares. Ao invés de melhorar e trabalhar o ensino, o próprio governo tá jogando às favas. Como quem diz "Não tem jeito, vamos é tentar enrolar", vão destacar vagas exclusivamente para alunos de escolas públicas. Ou seja, um cara que fez o colegial em escola pública e depois fez cursinho pré-vestibular, estando assim tão capacitado quanto eu, tem mais chances de ser aprovado no vestibular, porque tem vagas reservadas para ele! O governo empurra o problema com a barriga direto pra dentro do meu cu.
Outra coisa que me revolta é a falta de incentivo à leitura. A única injustiça do mundo que eu perdôo é o preço dos livros; esses receptáculos de conhecimento deveriam ter seu peso avaliado em ouro. Acontece que aqui no Brasil isso de fato parece acontecer; além de ser um país com uma média baixíssima de leitura (30 livros por pessoa/ano), o pouco atraente preço dos livros não facilita em nada sua popularização. Com os livros caros, poucas pessoas lêem. Quando uma pessoa não lê, priva-se deliberadamente de conhecimento. E só pra completar, faz com que seja uma luta infernal ser escritor no Brasil, já que não há "mercado".

Bom... pra não dizer que só tou falando mal, tenho que aplaudir as mais recentes ações do ministério da Educação. Lembra do corte de verbas da educação que eu mencionei? (que por sinal, foi uma MEDIDA CONSTITUCIONAL CONTRA A EDUCAÇÃO, vê se pode?) Pois é, acaba de ser revogado. Agora é só repassar um pouco desses BILHÕES que sobram por ano nos cofres públicos para as escolas e bibliotecas. Além disso, foi aprovado um piso salarial para o magistério brasileiro; no more professores recebendo salário mínimo, e plano de carreira para professores formados. Não é muito, mas já é alguma coisa. E finalmente, a reinstauração da filosofia e sociologia como disciplinas obrigatórias. São duas áreas de absoluta importância na formação do cidadão e do ser humano: é preciso - não... imperativo! - ensinar a ciência do pensar e do agir! Qualquer pessoa deve saber e compreender o mundo onde vive, a sociedade que o cerca, e acima de tudo, a si mesmo na medida do possível.
Fica aí a bronca e o aviso, mas também os parabéns ao progresso recentemente alcançado. Não adianta tentar consertar o país: tá uma bosta! Conserte o brasileiro que é mais fácil. Com brasileiros 2.0 fica mais fácil construir um país melhor.

domingo, 6 de julho de 2008

Lendas Lendárias do Cursinho: Parte 1/3 - Apelidos

Ontem à noite, antes de dormir, estava deixando a imaginação divagar, e fiquei lembrando dos tempos do cursinho. Ah, aquele fora um dos melhores tempos da minha vida. E como era divertido, nossa! Achei que valia a pena dividir essas histórias aqui com todos. Dividirei em dois textos: personagens e histórias.

Se você era sequer do mais remoto destaque no cursinho, se você era visto como elemento e ser humano, você tinha um apelido, e todos têm boas histórias para acompanhá-los.

Borbolet - Bom, esse era eu xD Carrera resolveu contar da primeira vez que bebemos juntos, e como eu estava imitando borboleta (na verdade era uma gaivota, mas foda-se, é mico do mesmo jeito xD), e o apelido pegou.

Carrera - Ele trouxe esse apelido da Pump, daí acabou ficando assim mesmo. Mas alguns o chamavam de filho do Fabião, pois ele é grande e gordão como o professor Fabião.

Judeu - Não sei bem porque começamos a chamá-lo de Judeu, mas ele ficava muito puto quando o fazíamos, então tanto foi que uma hora pegou.

Pantera cor-de-rosa - Naquela época, Carrera e eu zoávamos dizendo que Megadeth era banda de viado, e era a favorita dele. Um dia ele apareceu com uma camisa do Pantera, daí nasceu o apelido.

Predador - Um cara com uns dreads cabulosos. Foi Predador na mesma hora. Foi também o cara que me apresentou ao mundo das dogras.

Adotado - Na época, Carrera, Judeu e eu ouvíamos Anal Cunt, que tinha uma música chamada "You Look Adopted". O Judeu virou um dia pra esse cara e disse "Você parece adotado!". Pegou.

Eminen - Sem comentários.

Phil Collins - Um cara que, apesar do cabelo moicano, era igualzinho ao Phil Collins.

André Matos - Outro clone de uma figura famosa.

Zidane - Igualzinho ao Zidane; careca e tudo.

Boné Rosa - Um cara que ia sempre de boné rosa pra aula. Quando ele entrava, o judeu soltava em falsete "Boné rosa!". Mas o cara era gente boa mesmo, e levou na esportiva. Às vezes ele ia de touca verde ("Touca verde!") e às vezes sem nada ("Samambaia!"). Esse cara era um dos maiores trutas da galera, e até hoje usa Boné Rosa no nick do orkut.

Boné Branco - Ao contrário do Boné Rosa, Boné Branco não levava na esportiva. Pegou pilha, daí a gente azucrinava o cara.

Dark Side - Uma japa muito linda, que nos distraía da aula e nos impedia de estudar, nos arrastando para um futuro sem faculdade. Daí, Dark Side.

Anakin - O cara que pegou a Dark Side. Or so history tells.

Fofão - Um cara que ia sempre de macacão, além de ter um cabelo grande e vermelho.

Fifo - Um soldado chamado Filadelfo.

Conchita - Uma chilena que sentava atrás da gente.

Maicou - Um cara que só pegava menina de 12, 13 anos, apelidado então de Michael Jackson. Mas sua gramática horrível acabou rendendo ligeira alteração ao seu apelido.

Peri ou Padeiro - Antes era Peri por ele morar em Itanhaém. Mas depois virou Padeiro, por arroizar todas as garotas da classe e não pegar nenhuma.

Negresco - Uma menina que usava um piercing preto sobre o lábio, parecendo que tinha um farelo de Negresco na cara. Ao contrário do que pareça, ela levou na esportiva.

Jesus - Cabelo comprido e ondulado, barbicha, voz pausada e calma. Jesus.

Apóstolo Pedro - O cara que andava pra todo lado com o Jesus.

Simão, o apóstolo trapalhão - Um cara com cabelo loiro enroladinho e barbicha, parecido com a imagem bíblica de Simão. Mas o fato dele ser um dos mais malucos do cursinho rendeu-lhe esse trocadilho com o filme do Didi.

Casada - Apesar da tenra idade, a menina era casada.

Popeye - Não sei porque, mas sempre foi Popeye. Outro que trouxe apelido de fora.

Piupiu - Um rapaz franzino, que teve a má idéia de sentar vestido de amarelo na frente da classe na aula do professor Abe, quem o apelidou.

E pensa que só os alunos tinham apelidos?

Sub-Zero - O porteiro se chamava Lindomar. Do the math.

Pêssego - Esse professor de química recebeu esse apelido por uma história que contarei no próximo post.

Seu Peru - Boatos diziam que esse professor de Física era viado.

Rafinha Canabrava - O professor de Literatura era muito bom de copo.

Amiguinho - Esse professor de química usava a palavra "Amiguinho" como pontuação. Terminava uma em cada três frases dizendo "Amiguinho", e nós fazíamos apostas para ver quantas vezes ele dizia por aula (sempre mais de 50).

Jurássica - Até os outros professores diziam que a professora de português não vira o dilúvio, mas pisou nas poças d'água.

Amante Latino - As histórias desse professor de História estão entre as melhores que tenho pra contar.

Papai Noel, Mestre dos Magos ou Anão do Golden Axe - Baixinho, barrigudo, barbudo e careca, esse professor de História era uma figuraça.

Moisés - Quando o professor de Inglês entrava na classe, começava o Êxodo. Quase ninguém assistia essa aula.

Kevin James - Esse professor de Física era igualzinho ao ator Kevin James.

Efeito Ilha - Esse professor de Física não acreditava na Lei na Gravidade, e era a favor de uma teoria entitulada "Efeito Ilha".

Batatinha - Esse professor era baixinho e gordinho, como o amigo do Manda-Chuva.

Caixa d'água - Esse professor de matemática tinha uma cabeça bastante significativa. Foi quem batizou o "Efeito Ilha"

Animador fracassado - Esse professor de matemática dava aula como um apresentador de programa infantil da Rede Vida.

Vovô bolado - Esse professor de biologia é um dos maiores trekkies do Brasil, e ainda malhava bastante, apesar da idade que lhe atribuíamos (que nem era tanto assim xD)

Bom, agora que já conhecem o elenco, semana que vem postarei algumas das histórias. São tantas que talvez eu faça mais de um post... até o momento só tenho certeza de que contarei a do Pêssego e as cartas do Igor, o resto voltará à minha mente à medida que escrevo.

*Thanks Carrera, por me lembrar de alguns nomes*

domingo, 29 de junho de 2008

O mundo é dos idiotas

Por alguma razão, as forças que regem o andamento das coisas resolveram me arrancar alguns pontos de QI à força, porque eu tenho sido bombardeado com uma série de imbecilidades que estão, sinceramente, me emburrecendo, tamanho seu grau absurdo de nonsense. Lógico que, como qualquer homo sapiens sapiens que se preze, eu sou atormentado on a daily basis pela burrice do humano médio, mas os limites estão sendo cruzados, e eu preciso extravasar.

Outro dia estávamos no laboratório quando entrou um imbecil. Ele nos saúda com aquele olhar opaco que só o vácuo craniano proporciona e declara: "Eu quero marcar com um pediatra". Alright, tudo bem até aí. Minha mãe pergunta: "É pra sua filha?" e o biltre retruca "É... acho que é..." I mean... acha? Meu irmão não agüentou e soltou, rindo "Peraí, como assim você acha?"

Um outro infeliz uma vez pegou um dos panfletos do laboratório que lhe entreguei e perguntou "Vocês têm pedófilo na clínica?" Cara, cê tá latindo pra árvore errada, aqui... There's all kinds of wrong nessa frase.

E aquele menininho especial, acessor do McCain, que soltou que ganharia fácil se houvesse um ataque terrorista? O Loner Caption na tela da TV dizia "McCain é igual ao Bush, gente! Votem nele e teremos mais guerras por petróleo e menos escolas!" Não que o Obama seja o líder ideal, mas se o McCain ganhar a eleição esse ano, podem ter certeza que dedicarei um texto assaz ferino sobre a ignorância norte-americana.

Mas chegamos ao tópico principal do texto: Ana Maria Braga e seu programa!

Terça de manhã, enquanto fazia meu café, tive a infelicidade de ouvir um pouco do "Mais Você", e justamente no que deve ter sido o programa mais imbecil do ano. Estava rolando uma matéria sobre personal shoppers... PORRA, gente que ganha a vida fazendo compras pelos outros?!?!?! Ah, vai se foder! Vai pegar uma enxada, botar a barriga no tanque... caralho, eu mereço, como tem desocupado nesse mundo! Ainda que fosse só algum retardado que contratou um inútil pra isso, só pra pagar um pau ("Sou tão rico que pago pra gastarem meu dinheiro, hohoho!") ainda seria uma merda, mas nem tanto. Não, o pior é o imbecil que abre UM-FUCKING-CURSO pra essa merda, e os imbecis que ao invés de fazerem uma faculdade decente, vão e cursam essa bosta! FUCK! But I digress... a idiota da Ana Maria Brega mandou uma repórter chinfrim entrevistar a personal shopper da Madonna, e aí mandaram a Luiza Possi pra ir junto, porque senão ninguém ia assistir essa merda. Durante a entrevista, a retardada tenta botar um mínimo de dignidade nessa profissão, dizendo que é responsável pelas roupas que a pessoa usa e sua imagem pública (yeah, a Madonna depende de uma ex-modelo escrota pra aparecer bem-vestida em público, continue acreditando nisso se te faz bem, anormal) e solta a pérola: "Dificilmente você tem uma segunda chance de causar uma boa primeira impressão" Essa frase me atingiu como uma voadora no sovaco! E como se não bastasse, a cabeça de água de coco da Ana Maria ainda resolveu frisar como essa era uma frase brilhante e inteligentíssima, enquanto eu enfiava cacos de vidro nos meus ouvidos para eles sangrarem menos. Se é a PRIMEIRA impressão, então você NUNCA vai causá-la de novo, ANORMAL! Qualquer impressão posterior será a segunda, terceira e assim vai! CARALHO!

Sexta-feira a infelicidade se repetiu. Algum quadro imbecil sobre estilistas wannabe disputando no programa. Daí a guria acompanhando a votação no computador anuncia que a disputa tá acirrada, muita gente votando. Cacete, quer dizer que tá cheio de gente desocupada acordando cedo e participando dessa bosta? Logo em seguida veio o quadro da culinária (que às vezes é remotamente interessante, dependendo do prato apresentado). Veio uma mulher dar uma receita de quindim, daí começou aquela rasgação de seda, que a mulher era negra, baiana, pobre, e deu a volta por cima vendendo quindim. Tá, sussa, não vou mais assistir mesmo, fale do que quiser. Mas antes que eu pudesse voltar a meus afazeres, a Ana Maria deu outro chute no saco da decência, dizendo "Ai, você já faz tanto sucesso com esses quindins, pra que você vai fazer faculdade de Direito?" QUEM SABE PRA SER MAIS CULTA QUE VOCÊ, ANORMAL?!?!? FUCK! A mulher não tinha nem duas moedas pra esfregar uma na outra, daí quando junta uma grana pensa logo na sua formação, em estudar. Isso é raro, aplaudo gente que pensa assim. Daí vem uma mula como essa e tenta, ainda que brevemente, dissuadí-la do que foi provavelmente a melhor idéia da sua vida!

Quando eu tava no colegial, minha professora de biologia (era uma ótima professora) nos secretou que a Ana Maria Braga não deveria sair fazendo tanto alarde do câncer no reto que ela estava enfrentando. Isso porque pra sociedade em geral não fazia tanta diferença, mas estudantes da área da saúde em geral sabiam muito bem que esse tipo de câncer é comumente causado por sexo anal em demasiada freqüência. Ana Maria, nem vou te mandar tomar no cu, pois aparentemente você já tomou muito!

domingo, 22 de junho de 2008

Machos de respeito

Freqüentemente depois de assistir a algum desses filmes maneiros, cheios de explosões e porradas, nos pegamos conversando sobre filmes de macho em geral. Debatendo quais têm as maiores explosões, as perseguições de carro mais emocionantes, e as cenas de luta mais excitantes. Dentre esses debates, está o de cara mais macho do cinema. Como um expert do cinema de ação, venho aqui agora expor minhas opiniões, detalhadamente, a respeito dos dez ossos mais duros de roer que já fizeram seus ouvidos zumbirem na tela do cinema. Quem são, e o que fizeram para merecer esse reconhecimento.

10- Jean-Claude Van Damme
Van Damme é um bailarino francês, baixinho e burro, o que já o impediria de adentrar essa lista. Acontece que lhe foram atribuídos uma infinidade de personagens tão machos que colocariam até o Edson Cordeiro nessa lista. Em seus filmes, Van Damme é sempre algum bonzinho que desrespeita as regras que lhes são impostas "em nome de um bem maior", encara uma série de lutas com caras bem mais invocados que ele, e pra completar, SEMPRE derrota o cara mau com aquela voadora de pernas abertas dele. Meu favorito é "O Grande Dragão Branco", que ele enfrenta uma série de lutas maneiras com personagens invocadíssimos, e derrota o chinês malvadão no fim com sua voadora de pernas abertas. Até na comédia ele deu certo! No papel de Guile, em "Street Fighter", ele me arrancou infinitas risadas a cada segundo de filme!
Mais por falta de opção do que qualquer outra coisa (estava na dúvida entre ele, Bruce Willis e Wesley Snipes. Acho que seria Willis aqui, se eu tivesse visto "Duro de Matar 4"), Van Damme é o lanterninha da nossa lista.

9- Vin Diesel
Quando Vin Diesel começou carreira, no mediano "Triplo X", disseram que ele era o novo Stallone. Eu acho um pouco forçado, mas não dá pra realmente descreditar o cara. Ele é naturalmente careca e invocado, o que dá um tremendo bônus. Além do "Triplo X", ele também figurou o primeiro "Velozes e Furiosos", cujas cenas de corrida me arrancaram freqüentes exclamações. Mas seu personagem mais célebre é Riddick. Protagonista dos filmes "Eclipse Mortal" e "A Batalha de Riddick", o furyan que enxerga no escuro e luta um estilo maneiro com adagas é um dos bad boys invocados mais animais de todos os tempos. Eu tenho personagens preferidos, mas tenho que admitir que poucos conseguiriam levar a melhor contra o Riddick. Esse personagem sozinho talvez tivesse rendido ao Diesel uma posição maior no ranking, mas "Operação Babá" tira preciosos pontos, que o fizeram perder do nosso oitavo colocado.

8- Steven Seagal
Dono da pior técnica de interpretação entre heróis de ação (pois o pior EVER ainda é o Clive Owen), Seagal ainda impôe sua presença aqui. Mestre de aikido bruto, é um ator relativamente novo em comparação com os outros dessa lista. Seu primeiro filme, "Nico: acima da lei", mostra-o no papel que encarnaria EXATAMENTE em todos os outros filmes: um homem da lei um tanto indisciplinado que dá muita porrada em todo mundo, sempre quebrando o dedinho de um dos capangas. As cenas de porrada de seus filmes, bem como as cenas de ação de "A Força em Alerta" o colocam nessa lista, mas sua péssima atuação, personagens default sem-graça e seu rabinho de cavalo o impedem de ocupar uma posição melhor.

7- Kurt Russell
Kurt Russell fez já uma paulada de filmes, mas está no ranking por causa de apenas dois clássicos de John Carpenter, um diretor que merece ter seu nome citado: "Fuga de Los Angeles" e o SOBERBO "Aventureiros do Bairro Proibido". No primeiro, continuação de "Fuga de New York", que eu não vi, no papel do bandidão Snake Plissken, Kurt mostra que é do tipo que pega jacaré em tsunami (de fato, ele literalmente pega onda num tsunami no filme). O filme se passa no "futuro pós-apocalíptico", mas poderia muito bem se chamar "Fuga do Rio de Janeiro", pois é mais ou menos a mesma coisa. Numa cidade devastada pelo crime e isolacionismo, o cara sinistro com um tapa-olho chega, come a bunda de todo mundo, cumpre a missão e lança a raça humana de volta à idade da pedra. Fucking awesome. O segundo é um dos melhores filmes de todos os tempos! Kurt é imortalizado no melhor papel de toda sua carreira, Jack Burton. O caminhoneiro com pinta de machão se envolve numa treta fudida em Chinatown, mobiliza toda a chinezada e mata o Lo Pan, o chinês gigante com poderes cabulosos que dedica sua vida a foder a vida dos outros, tudo isso em cenas hilárias com monstros, explosões mágicas, chineses voando pra todo lado e outras coisas maneiras. Mesmo o inevitável papel num filme infanto-juvenil não lhe tira pontos, afinal ele interpreta o super-herói Stronghold em "Sky High". Não dá pra tirar pontos do homem mais forte do Universo. Kurt Russell é nosso 7º colocado.

6- Chuck Norris
Quando lançaram aquela mania dos "Fatos de Chuck Norris", a galera tinha embasamento: Norris was the shit! Com aquela barba de cara bruto e seus chutes cabulosos, Norris chutava bundas como ninguém no seu tempo. Apesar de passar um tempo meio esquecido, Norris se mantém eternamente consagrado como um cara da pesada, principalmente pelo melhor filme de sua carreira: "Braddock". Braddock era um bicho ruim! O cara entra no Vietnã como se fosse o dono do pedaço, realiza sua missão com maestria e sai numa boa, deixando um rastro de cadáveres por onde passa. Mas o que mais me chocou em minha infância nesse filme foi a cena da tortura: botam um saco na cabeça do Braddock com um rato dentro, e o que ele faz? Mata o rato a dentadas!
Por seus Roundhouse Kicks e por comer um rato mal-passado, Chuck Norris é nosso sexto colocado!

5- Charles Bronson
Vovô dos filmes de ação, Bronson sempre mostrou que idade não importa quando você tem nervos de aço, pontaria de um semi-Deus e aquela postura de quem não atura merda de ninguém. Antigamente encarnava nos faroestes, que eu também adoro, como por exemplo no papel do Gaita em "Sete homens e um destino", e lá já mostrou que chegou pra foder. Porém ele se consagrou mesmo foi no papel de Paul Kersey, o justiceiro da série "Desejo de Matar". Antes de "Rambo", ninguém tinha matado tanta gente quanto Paul Kersey, um arquiteto que tem a família assassinada e decide dedicar o resto da vida a matar criminosos à torto e à direito. Meu filme favorito é o 4, em que ele se hospeda na casa de um amigo numa vizinhança da pesada. Num dado momento, ele adquire uma pistola que ele descreve como "Uma versão miniaturizada do rifle de caçar elefantes". Uma cena merece descrição: Kersey compra um carro novinho, com rádio, e deixa estacionado na porta de casa. LÓGICO que foram roubar, como ele previa! Ele pede licença aos amigos e desce para falar com os bandidos.

Kersey: Ei, o que vocês estão aprontando?
Capanga: Não enche o saco, tamo roubado esse carro!
Kersey: Mas esse carro é meu!
Capanga: Então toma teu rumo, chefe!

Kersey saca um revólver, mata os três sem nem piscar, sobe e retoma seu jantar, explicando aos amigos que "O recado está dado". Ou seja, Charles Bronson chegou, a brincadeira acabou. Eu juro que a cena foi EXATAMENTE assim!
Por matar centenas de pessoas em filmes cabulosíssimos, Bronson é nosso quinto colocado.

4- Jason Statham
Avatar do Deus Careca Invocado, Jason Statham estabelece um novo patamar de caras brutos. Seus filmes são todos repletos de cenas dele nas melhores perseguições de carro da história do cinema, e lutas animais onde sobra chute na cara de todo mundo, sendo a melhor a do ônibus em "Carga Explosiva". Esse filme mesmo foi o primeiro que vi dele, e é cheio de tiroteios, explosões, porradas e perseguições de carro. "Snatch - Porcos e Diamantes" não é um filme de ação, mas eu só queria mencionar aqui porque é cabuloso, e o personagem dele é animal. ASSISTAM! Pra terminar, o último filme dele que assisti foi "Adrenalina". Todo filme de ação tem seus momentos de calmaria, mas não esse. Chad Chelios foi envenenado e, pra não morrer, deve manter a adrenalina correndo pelo sangue. São 90 minutos NONSTOP de coisas explodindo, carros correndo, socos voando e gente tomando tiro!
Por ser um cara invocadíssimo, incrivelmente estaile e protagonizar alguns dos melhores filmes que já assisti, Jason Statham só não sobe no pódio porque os três primeiros são realmente da pesada. Se ele fizer mais dois filmes como esses, podem considerá-lo o terceiro colocado e, se fizer mais quatro, vira o segundo.

3- Jackie Chan
Alguns podem se perguntar "Como é que você coloca Jackie Chan, Van Damme e Seagal nessa lista e não poe Bruce Lee e Jet Li?" Bom, eles são realmente lutadores excepcionais, muito maneiros, mas os filmes deles são muito fraquinhos (principalmente os do Jet Li). Agora o Jackie é diferente! O cara dá muita porrada! Os filmes dele são excelentes (exceto esses bobos, cheios de efeitos especiais) e as coreografias de luta são animalescas, cheias de movimentos impressionantes, coisas engraçadas e apetrechos legais. Quem mais você já viu usar uma escada dobrável pra lutar, seriously? E as lutas são emocionantes! Em "Police Story 4" ele enfrenta uma legião de gente, com muita coisa quebrando e todo mundo se fodendo de verdade! Tem um filme que ele sai na porrada com um cara por mais de dez minutos! "Drunken Master" é O MELHOR filme de porrada de todos tempos... e por aí vai. Mas o que torna Jackie macho MACHO mesmo é que ele é o único dessa lista toda que se fode pessoalmente sempre! Dublê é o caralho; seja pra pular de prédios ("Arrebentando em Nova York"), pendurar-se de veículos em movimento ("Hora do Rush") ou lutar entre ferramentas industriais de alta periculosidade ("Mr. Nice Guy"), Jackie vai lá pessoalmente e dá a cara à tapa. E mesmo quando se fode ele engole o choro, rubs some dirt on it e continua filmando, mesmo fodido.
Por ser um osso duro de roer dentro e fora das telas, Jackie Chan é o primeiro a entrar no nosso pódio.

2- Sylvester Stallone
O Garanhão Italiano é macho, e isso não dá pra negar. Como ator e pessoa, se fodeu a vida toda, até finalmente começar a fazer sucesso, e até isso foi difícil. "Rocky" foi seu primeiro filme de sucesso, e com isso Stallone já entrou com pé na porta e soco na cara nessa lista. Rocky Balboa é um cara macho: trabalhava de cobrador de agiota, dando porrada em caloteiro, e daí teve chance de mostrar pro mundo que era bom no braço. "Rocky 4" é o primor da série. Ele se fode na neve, na Rússia, carregando tronco, treinando no celeiro... enfim, faz um curso intensivo de masculinidade russa (parecido com o do Zangief, mas sem ursos) e ganha a força necessária pra descer a porrada no Drago, o russo gigante interpretado pelo Dolph Lundgren. Em "Demolidor", ele encarna um policial que é descongelado num futuro cheio de bichonas atormentadas pelos machos que resistem à extinção nos esgotos da cidade. Stallone enche as bichas de porrada, enche os machos de porrada, enche o Wesley Snipes de porrada e come a Sandra Bullock. Fucking awesome. Mas vocês me conhecem bem. Vocês SABEM porque Stallone está aqui.
"Rambo" conta a história de um ex-boina-verde, perdido numa sociedade que o julga só mais um assassino. Perseguido por todos, Rambo faz o que faz melhor: se enfia no mato e passa a rola na bunda de quem encher o saco. O cara só foi preso porque se rendeu numa boa, porque se fosse no braço ele matava a cidade toda. "Rambo 2" é tipo o "Braddock" do Stallone. Ele entra no Vietnã, cumpre a missão e pavimenta as estradas vietnamitas com sangue de vietcongue. "Rambo 3" manda o Rambo pro Afeganistão. O enredo do filme é uma bosta e nem vale a pena, mas a guerra rola solta, e a ação faz o filme merecer seu nome na série. E eu nem vou falar de "Rambo 4"... vocês já leram o que eu tenho a dizer sobre esse filme.
Mesmo aparecendo em "Pequenos Espiões 3D", por interpretar John Rambo, Stallone é nosso medalha de prata!

1- Arnold Schwarzenegger
Discutindo sobre a graça que eventalmente se dissipou dos "Fatos de Chuck Norris", a galera da A.D.B. entrou em consenso: Arnoldão é o cara mais macho, não Norris. Vamos falando aos poucos.
O primeiro filme que eu vi dele foi "Comando para matar". Um general malvado resolve provocar a ira do Arnoldão raptando sua filha. Como diria Dave Mustane: "First mistake, last mistake". Com metralhadoras e lança-mísseis, Arnoldão causa uma balbúrdia que fariam John Rambo e Paul Kersey aplaudirem de pé.
Em "Exterminador do Futuro", ele é o famoso ciborgue que vêm do futuro, para matar Sarah Connor no primeiro, e proteger John Connor nos seguintes. Na boa... acho que nem o Rambo agüenta o tranco contra esse aí. O cara é tão fuderoso que consegue abalar as estruturas sem matar ninguém, em cenas célebres dos filmes.
Em "Predador", ele é mais um soldado fudidão estilo Braddock, mas tem um bônus. Além da treta generalizada na selva, ele tem que encarar um alienígena super-poderoso com armas muito superiores. Na luta final ele encara o bicho de frente, diz "Você é mesmo muito feio" e sai no braço com a criatura de 2,5m. Qualquer criatura abaixo do predador teria se cagado.
Em "Sobrevivente" ele é falsamente acusado de genocídio (OH SH--!) e mandado prum programa de TV onde enfrenta caras muito cabulosos. Se sobreviver, é perdoado. E que programa, PQP! Caras com lança-chamas, serras elétricas, e ele só com um collant amarelo. Lembra muito o "Fuga de Los Angeles", mas melhor.
Em "Conan - O Bárbaro" e "Conan - O Destruidor", ele... porra, ele é o Conan! Grande, cabeludo e monossilábico, ele tem uma espada e corta tudo que é nórdico e malvado. Dois filmes para entrarem pra história!
Meu filme favorito é "True Lies", onde o Arnoldão é um agente secreto que esconde a profissão da esposa, profissão essa que consiste em proteger o mundo, espionar, e matar mais gente por dia que o John McClane já matou a vida toda. Num dado momento, sua esposa anuncia "Me casei com o Rambo". Se esse, que nem é seu personagem mais destrutivo, pode ser comparado ao Rambo (ainda que ela tenha exagerado MUITO), imagine a união de todos?
Eu poderia falar de ainda mais uns cinco filmes, no mínimo, mas já basta. Por ser enorme, invocado, altamente destrutivo e governador da Califórnia, Arnoldão Chuazenega é eleito por mim o cara mais duro na queda da história do cinema.

Não gostou da lista? Então vai lá falar pro Arnoldão que você acha que ele não é o cara mais macho pra você ver.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Review - Didi Quer Ser Criança

Renato Aragão sempre foi uma figura que me fascinou. Eu nunca entendi como um cara TÃO sem graça conseguiu fazer sucesso por tanto tempo! Alguém já deu mais que um sorriso de uma piada do Didi? Até na época dos Trapalhões ele era o sem-graça, tendo todo o sucesso do quarteto nas costas do Zacarias e do Mussum, bem como os coadjuvantes (meu favorito era o Sargento Pincel). Não satisfeito em entristecer minhas tardes de domingo com a Turma do Didi, o programa mais sem-graça da TV mundial, ele insiste em fazer filmes! Simão, o Fantasma Trapalhão, serviu pelo menos pra fazer uma piada engraçada*, mas asides from it, todos os filmes são horríveis. Mas esse eu acho que é o pior de todos, e eu tive o desprazer de assistí-lo hoje.

*Na época do cursinho, em que todos tinham apelidos, encarnou uma época de termos apóstolos. Um dos nossos colegas lembrava a imagem bíblica de Simão, então acabou por ser apelidado de Simão, o apóstolo trapalhão.

Hoje eu fui agraciado com uma dose massiva de Renato Aragão. Depois da Turma do Didi, o Temperatura Máxima (que há tempos se abstém de passar filmes de ação) passou Didi Quer Ser Criança. Oh céus! O horror! Eu nem ligo de dar spoilers, porque esse filme nem vale a pena ser visto, a não ser pelas risadas que o ridículo proporciona.

Começa com Didi no seu papel padrão: um jovem preso num corpo de velho, humilde e de bom coração. Mas nesse filme Didi é ainda mais infantilizado do que nos seus outros filmes, o que eu achava ser impossível. Didi é um cearense completamente imaturo, operário de uma fábrica de doces. A fábrica rival, que está levando a fábrica onde trabalha o Didi à falência, é um cara ruim! Sério, o cara é ruim até os ossos, chegando ao ponto de planejar contrabandear urânio enriquecido para colocar nos doces e ter mais lucro! Já vi filmes muito mais sérios com vilões muito mais escrupulosos que isso! Seriously, botar urânio nas balas é coisa de vilão da Marvel!

Didi, tão bondoso e descuidado, passa seu tempo inteiro brincando com crianças. Agora na boa, imagine que um coroa cearense com pinta de pilantra passe o dia todo no meio da turma dos seus filhos; o que você faria? Justamente por toda essa bondade e descuido, ele vive arrumando encrencas pro dono da fábrica e - prestem atenção especial a esse trecho - complicando sua relação com sua namorada, interpretada pela VJ Didi. Gente, um pingo de verossimilhança não machuca. Eu não consigo conceber uma situação em que uma gata como a Didi namore um operário cearense de 60 anos que, além de tudo, só dá mancada! Now, come on! Destaque para que, nesse mesmo shopping, Didi participa, por apenas UM - FUCKING - REAL, de uma RIFA de uma BMW! Quem RIFA uma BMW? E por UM REAL?!?!?! CARALHO!

Bom, Didi reza sempre pra São Cosme e São Damião para que salvem a fábrica do Seu Tião, além de mais piadinhas sem graça. Um belo dia ele socorre gêmeos mendigos, e eles acabam por se revelar os santos gêmeos, dando a Didi e seu amiguinho balas para trocar de idade, ou coisa assim. Lá por essa hora eu já tava de saco cheio e fui jogar Warcraft, só dando espiadelas no filme. Eu lembro é que o Didi, agora criança, começa a realizar seu sonho, que é arroizar menininhas de 10 anos sem ser condenado à prisão. Seu amiguinho, por outro lado, vira o Cláudio Heinrich. Aproveitando a situação, o moleque (agora Cláudio Heinrich) consegue o violão que ele tanto queria, miraculosamente vira um músico talentoso e resolve jogar areia nos zóio dos irmão, tentando pegar a Didi. A Didi, não O Didi, a mina dele (Renato Aragão deve ter achado o MÁXIMO chamar A Didi pra contracenar com O Didi. Puxa, que engraçado... babaca). De alguma forma, não sei como tudo acontece, as fábricas rivais se unem, Didi morre, depois volta (parece Marvel, de novo), aí uma mina quase morre, mas os santos salvam ela também... e o Didi, sem que ninguém fique surpreso, ganha a rifa do BMW.

O amiguinho do Didi se lamenta de não ter conseguido furar os zóio dos irmão, mesmo sendo o Cláudio Heinrich (mais uma prova de inverossimilhança, a Didi rejeitando o galã pelo peão cearense), mas o Didi não comenta nada... filho-da-puta safado, tenho CERTEZA que ele comeu a pivetinha!

domingo, 8 de junho de 2008

Onde eu vim Pará - Parte 2

Realmente, eu tenho sempre muito a relatar dessa terra perdida onde eu fui me enfiar. Creio eu que as surpresas estejam apenas começando, apesar de este já ser o segundo longo relato que eu tenho a prestar. Sendo assim, nomearei todas as edições que seguirem esse tema sob esse mesmo título, a partir de agora. Vai ficar meio confuso, tipo aquele lance dos nomes do Rambo, mas é só se lembrarem que o "Fatos aleatórios sobre o Pará" é a parte 1 da série "Onde eu vim Pará".

Bom... por onde devo começar? Vim protelando, por diversos motivos, a redação desse texto, daí as idéias acabam se perdendo no meu inconsciente... creio que surgirão a medida que escrevo. Ah, já sei! Farei por tópicos.

- O futebol paraense é um fenômeno que eu ainda não consegui entender. Ao contrário do resto do país, aqui os times jogam aos sábados. Todos os times são ruins, mas ainda assim os jogos são emocionantes e os gols são espetaculares! Esse ano já saiu gol olímpico, gol de bicicleta... Mas o que eu realmente ainda não entendi é o Campeonato Paraense. Os campeonatos dos outros estados já acabaram faz tempo, já tá acabando a Libertadores e a Copa do Brasil, começando o Brasileirão, mas o Parazão ainda não acabou! Todos os times já jogaram entre si umas 4 vezes, aí o Águia ganhou, mas parece agora que o Paysandu vai tirar o título do Águia... pelo que eu entendi, devem rolar um monte de campeonato paraense por ano... não tou entendendo nada...

- Em mais de duas décadas morando em Santos eu nunca antes tinha ouvido o nome Siane, mas aqui é um nome muito popular. Não conheço quase ninguém e já me deparei com umas vinte (incluindo suas vertentes Sianne, Syane, Ciane, e por aí vai)

- A internet aqui é cara e muito ruim. Não existe cabo (nem TV nem internet). Eu uso internet de rádio, que é meio cara, um tanto quanto lenta, e absolutamente inutilizável quando chove.

- Por falar em chuva, continua chovendo torrencialmente todos os dias por aqui. Dizem que aqui, no inverno, realmente chove todo dia, mas nessa época do ano já deveria estar parando. Porém, aparentemente anda chovendo demais pra essa época do ano. Deve ser a minha aura de humidade* ainda fazendo efeito.

*Natural de um lugar úmido como Santos, eu carrego uma aura de humidade que traz clima úmido e chuva para qualquer lugar onde vou. Os brasilienses que o digam: choveu pela primeira vez em mais de 100 dias logo no mesmo dia que eu cheguei em Brasília. Os mineiros também: todo dia que eu ia ao Parque Guanabara chovia, e um desses dias choveu tanto que molhou toda a área de fliperamas e tiveram que desligar a Pump.

- Não existe uma única pizza decente nessa cidade. A única pizza boa vem de um lugar não concidentemente chamado "Cia. Paulista de Pizza", que é pouco melhor que a rede Cristal de Santos. Belém também tem Pizza Hut, mas Pizza Hut é uma bosta, mesmo. Tirando isso, a "melhor" pizza vem de uma pizzaria bem pertinho da minha casa que vende uma pizza HORRÍVEL. Entregam embrulhada em alumínio, como se fosse um marmitex de pizza, tem uma massa sem gosto e cara pra cacete (+R$20,00)

- As baladas continuam rolando. Meu irmão, ignorando todos os avisos que eu lhe prestasse, foi a uma delas, e voltou contando histórias muito semelhantes às que eu tinha para contar. Bem, eu avisei...

- Ainda falando de baladas e do meu irmão, um dos organizadores dessas festas por aqui ficou meio amigo do meu irmão, e o cara tem estranhos sonhos premonitivos que se realizam! Ele previu, por exemplo, que abriríamos um negócio de sucesso, e uma semana depois conseguimos uma excelente oportunidade para arrendar um laboratório, aqui. E isso é só um exemplo.

- Ainda com as desventuras do meu irmão, um belo dia ele estava na LAN House do nosso camarada, Cledson, quando uns moleques entraram querendo fazer "corujão", ou whatever. O Cledson falou que numa boa se eles, obviamente, pagassem. Pedindo para esperar, eles foram embora e voltaram, cerca de meia hora depois, com mais de 100 reais em dinheiro e três celulares.

- Sobre a fauna que habita minha casa; os insetos, sobretudo as formigas e mosquitos, continuam fazendo investidas pouco frutíferas, tendo seus guerreiros mutilados pelas minhas mãos e pés diariamente. Os sapos tornaram-se menos freqüentes, mas ainda vêm dar um oi ocasionalmente. Porém, o que me deixou realmente floored foi a aparição do Joel! Sim! Depois de anos viajando o mundo, Joel voltou para me fazer uma visita! Seriously, now... eu fui pro quintal dos fundos e de repente me deparei com um caranguejo! UM - FUCKING - CARANGUEJO! Eu não moro nem perto de um mangue, muito menos de uma praia, como diabos um caranguejo apareceu no meu quintal?

- O estado do Pará impede que eu mantenha minha posição de supremo sanduicheiro. Os condimentos deixam a desejar, o presunto é horrível, os pães são aqueles pães que foram proibidos há muitos anos em São Paulo, com aquela substância que deixa ele grande, porém ruim. Mas a pior parte são as salsichas. Salsichas aqui, de qualquer marca, parecem versões grandes de salsichas de viena! São moles, ruins, são... eca! Como eu posso fazer meus gloriosos cachorros-quentes com esse material? Essas malditas salsichas privam meus hot-dogs de sua, outrora, mais do que merecida grandiosidade.

- Pra finalizar, o que me fez escrever esse texto em primeiro lugar. Vi na televisão que seria realizado o 38º Forró do Agnaldo, com a produção do Super Pop, a mesma responsável pela grande festa do Super Pop, o equivalente paraense do Skol Beats. Nesse evento seria lançado o Luxuoso Imperial! E aí, após isso, eu saí em pesquisa do que vem a ser uma "nave". A princípio eu pensei que fosse de onde viessem os paraenses, mas após alguma pesquisa, descobri o que é uma nave: são esses malditos carros de som, que saem pela cidade tocando brega! Geralmente Chevettes com caixas de som em cima, ou algum outro carro de merda (não que o Chevette fosse um carro ruim, mas qualquer carro depois de +10 anos fica uma bosta, exceto por fuscas) arrastando um pequeno trailer com caixas de som. Existem também as Super Naves, que são basicamente a mesma coisa, mas consistindo de caixas de som maiores em carros maiores (geralmente Kombis, mas qualquer tipo de picape ou minivan é possível). E por que procurei tudo isso? Porque o Luxuoso Imperial é uma Mega Super Nave! Fuck!!! I mean... uma Mega Super Nave? Por que não simplesmente Mega Nave? E por que, Deus, por que essas naves paraenses? E o pior de tudo é que deve ser tipo um favorzão de divulgação do lançamento da nave (eu ri dessa frase depois que escrevi, e vocês?), pois o próprio Super Pop possui - pasmem - uma Ultra Mega Super Nave! I'm seriously not making this up! Esse tipo de coisa é demais até para a minha imaginação, por mais fértil que seja.

Se o que dizem sobre 2012 é verdade, então estou condenado a viver no Pará até o fim dos tempos... vou pro inferno, mesmo... might as well enjoy the ride =P

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Não estou morto (ainda)

Makes me all warm and fuzzy inside quando vem gente cobrando "Pô, não atualizou essa semana?" Fico mó feliz de saber que tenho leitores assíduos. Eu não escreveria se não tivesse ninguém pra ler. Valeu mesmo ^_^

Bom, relaxem que as formigas e os pistoleiros ainda não conseguiram dar cabo de mim, ainda estou alive and kicking. Acontece que tive probleminhas com a internet lá em casa esse fim-de-semana, então não atualizei dessa vez, mas o texto desse domingo já está pornto, só esperando ser publicado. E agora que eu descolei um teclado decente pro PC aqui do laboratório, eu terei ainda mais tempo livre pra escrever, e a qualidade e originalidade dos textos vai certamente melhorar.

Obrigado pelas visitas, e abraços para todos =)

domingo, 25 de maio de 2008

Inferno Quente

Poucas coisas nesse mundo me inspiram verdadeiro terror. Eletricidade e formigas paraenses, por exemplo, me dão muito medo, mas não exatamente terror. Eu tenho medo de me aproximar e entrar em contato, mas não me dão um frio na espinha ao mero pensamento. A mesma coisa com os marginais violentos e fortemente armados do Pará. Mas se há uma coisa nesse mundo que scares the shit out of me, essa coisa é um evento tão familiar aos santistas chamado Inverno Quente.
O Inverno Quente é uma manifestação popular dantesca a tal ponto que aqueles que começam a chamá-lo pelo apelido que eu impús de Inferno Quente, fazem-no a partir de então com uma naturalidade que até passa desapercebida. São minhas experiências pessoais e próximas deste espetáculo de horror e agonia somente equiparável aos filmes antigos do Capitão América que eu agora me dedicarei a descrever.
Desde que eu era muito pequeno que o Inferno vêm a Santos anualmente, tal qual o Castelo do Drácula emerge na Transilvânia a cada cinco séculos. Às vezes eu me pergunto por que o Drácula é assim tão famoso como encarnação do Mal com figuras tão mais maquiavélicas que ele por aí:

Tom Cavalcante: Vamos começar agora mais um concurso de piadas!
Bernardo: Au au au au au au!
Joel Schumacker: Eu achei que as roupas deveriam ter mamilos...
Beto Mansur: Realizaremos anualmente, de junho a meados de agosto, o evento Inverno Quente no Emissário Submarino de Santos...
Samurai Urbano: Shiroi! Ruleante! Seki!!!!!
Drácula: Brrrr... Mato dez pessoas por milênio, e o malvado sou eu?

Pois é... chega a época de festas juninas, começa o Inferno Quente. A princípio você pensa: "Ora, o que há de mal nisso? Um evento popular para se levar a família e curtir uma noite fresca, comendo algodão-doce, andando nos brinquedos e ouvindo uma musiquinha..." Ah, meu amigo, como te enganas! O horror já começa pela própria localização: o Emissário Submarino.
É o último ponto de referência de Santos próximo à divisa com São Vicente. Poucos são os santistas que se aventuram por essas terras corrompidas; os vicentinos é que fazem a diária peregrinação ao evento.
Ocasionalmente, alguns homens corajosos e tomados por seu sentido de estupidez (como o Samurai Urbano, no meu caso) resolvem mijar contra o vento. É aqui que essas crônicas se iniciam.
Normalmente acontecia assim: Ao término de um belo dia ensolarado, com temperatura variando dos 16 aos 20 graus, recebo uma ligação.

Renato: Aê Loner, vamo lá no Inferno Quente?
Loner: Porra, mano... tem nada melhor pra fazer não?
Renato: Ah, vamos lá, vai o (aqui podiam entrar vários amigos... Renan, Ronaldinho, Tanauan, Gustavo...)... melhor que não ficar fazendo nada, sei lá...
Loner: Ah... tá vai, beleza, vamos...

Só o Renato que me fazia ir... se outra pessoa me chamasse, eu não ia, sei lá por que...
Anyway, a aventura já começava cedo. O Renato é quem morava mais perto, então nos reuníamos na casa dele. Sabe quando você faz o bug do Suikoden 2, que você tem que ir correndo pra Matilda torcendo pra não encontrar nenhuma batalha no caminho, ou pra conseguir fugir de todas que encontrar? É tipo isso. O caminho pro Inferno Quente, apesar do mesmo estar a só cerca de 100 metros da casa do Renato, era um verdadeiro antro de marginalidade. Era tanto bandido que alguns aproveitavam pra assaltar enquanto a polícia prendia outros. Chegando dentro do evento esse problema amenizava. Note o "amenizava". Isso porque todos eram revistados na entrada, então ninguém entrava armado. Facínoras desarmados não vão assaltar um grupo de marmanjos, mas muitas pobres donas-de-casa e piriguetes desavisadas eram alvo do assédio de vicentinos.

OK, we're in. Now what? Ah, vamos andar um pouco, curtir o negócio! Sim, sim... passando perto dos banheiros, já dava pra sentir o cheiro nauseante. Algumas vicentinas se dignavam a trocar fraldas dentro dos mesmos... por alguma razão, passar em frente aos banheiros despertou fome no Renato, então fomos à praça de alimentação. Ah, que maravilha! Cinqüenta barraquinhas vendendo as mesmas coisas: pastel, quentão e doces de festa junina. Em uma particularmente convidativa (a lata de lixo cheia de abelhas quase abriu meu apetite também) o Renato pediu uma fogazza de óleo com calabresa que, à primeira mordida, fez uma linda estampa semi-transparente em sua camisa. Agora que já saboreamos os manjares do Inferno Quente, que tal nos deliciarmos com outro dos grandes atrativos do evento: as garotas?

Nessa ocasião em particular estávamos com nosso amigo Yuri, que não tem muita frescura quando o negócio é mulher. Chegou junto num grupinho, prometendo-nos que ia descolar uma pra cada um de nós... e não é que elas voltaram com ele mesmo? Mas que gracinhas! Fiquei logo de olho na mais bonitinha, que tinha todos os dentes (pelo menos da frente). Fiquei meio desconfortável porque uma delas estava olhando pra mim também, mas me tranquilizei, pois estava olhando para o Renan ao mesmo tempo, e me convenci de que o olho que me encarava era o estrábico. Infelizmente, naquela ocasião eu havia esquecido meu pinto em casa, então não investi nas graciosas donzelas, e meus amigos resolveram acompanhar-me solidariamente. Afinal, bros before hoes! Decepcionadas, as meninas voltaram ao espaço em frente ao palco onde tocaria Exaltassamba, Felipe Dylon, ou algo do gênero. Alguns dias depois eu receberia uma mensagem de ICQ do Renato (cuja janela do quarto, no nono andar, abrangia panoramicamente o Inferno Quente inteiro):

PumperZero: Mano, cê naum sabe!!! Tava rolando o show do Belo lá no Inferno Quente, do nada eu escutei umas explosões... fui olhar pela janela e tava rolando uma briga, daí começaram a estourar rojão uns nos outros! Todo mundo correndo, mó catástrofe! zD

Prosseguindo pelo evento, chegou a hora derradeira: o All-Star Park! Aqueles que já jogaram Silent Hill talvez tenham uma vaga idéia do horror instaurado sobre esse lugar. Brinquedos velhos, gemendo nas estruturas, entretiam dezenas de crianças e desavisados. Brincadeiras como jogo da argola, tiro ao alvo e dardos enganavam os inocentes esperançosos, que acreditavam piamente que conseguiriam levar pra casa aquele caríssimo perfume ou uísque importado só pelo precinho do bilhete ("Amor, eu quase acertei a argola em volta do ursinho gigante, vou tentar de novo que dessa vez eu consigo!"). Os carrinhos de bate-bate emitiam aquelas fagulhas elétricas que hoje freaks me out, e sempre saia algum imbecil voando daquele brinquedo redondo que gira, pois se soltava crente de que conseguiria ficar me pé no meio (parece com esse aqui). Acho que os índices de membros decepados desse brinquedo superavam facilmente os dos operadores de máquinas de sisal.

Chegamos então ao Kamikaze. Como esse brinquedo é famoso por já ter parado no topo e soltado o sistema de segurança, deixando quarenta pessoas segurando a vida nos braços por alguns segundos, até o Samurai Urbano estava me dizendo para não entrar. Enquanto olhávamos os bravos idiotas entrando no brinquedo, reparamos em uma cena peculiar:

Mulher temerosa: "Por favor, eu morro de medo dessas coisas. Se eu começar a gritar, você pára pra eu descer, tá?"
Operador: "Xá comigo, tou de olho!"

E o Kamikaze entrou em ação. Sobe... desce... sobe... desce... e a mulher se esgoelando! Pensamos com nossos botões que o homem pararia o brinquedo somente decoridos os cinco minutos de ação contínua que ele oferecia, não sendo possível pará-lo antes; então, ficamos ali rindo do espetáculo. Porém, passaram-se os cinco minutos... seis... sete... oito... Olhando para o operador, o cara tava chorando de dar risada! Já vi o suficiente!, pensei. Fomos embora, rindo de nos acabar...

Andando mais pelo parque, chegamos à parada final: a montanha-russa. E começou o debate externo sobre se deveríamos ir. Dentro de mim, porém, o debate era mais acalorado.

Samurai Urbano: Brinquedo shiroi! Shiroi! Ruleante! Temos que ir, vai ser ruleante! *bate na perna*
Capitão América: Loner, use sua inteligência! Esse é um brinquedo do All-Star Park! For all we know, pode haver uma armadilha nesses trilhos!
Samurai: Ah, qual é? É só uma montanha-russa, que mal pode haver? O Loner é muito branco! Ele sabe se cuidar! Vai ser legal pra caralho, shiroizíssimo!
Capitão: Bom, tudo bem... não tem loopings, e não atinge grandes velocidades, não pode ser tão perigoso... mas lembre-se de se segurar bem, soldado!

Então fomos. Eu, esperto pra caralho, tratei de ir logo na frente do carrinho. Ao entrar, eu reparei numa coisa engraçada: a ausência de coisas. Não tinha cinto de segurança, não tinha cadeiras, não tinha nada. Só tinha uma barra de metal na frente e uma espécie de cilindro acolchoado no meio, de ponta à ponta do carrinho. Eu entrei na frente, sentado meio de cócoras sobre o "assento", e me segurei na barra de metal. Logo atrás de mim sentou-se uma garota até que bonitinha, e eu me senti feliz da disposição do brinquedo obrigar todos os passageiros a se acomodarem um encoxando o outro, como uma comprida e estranha motocicleta. Esse pensamento de felicidade se dissipou em dois segundos. Assim que o carrinho começou a subir, eu tive que sustentar meu peso na barra de metal à frente. A garota atrás de mim se agarrou à mim. Esse prazer durou 0,2 segundos, ao perceber que as cinco pessoas atrás dela fizeram o mesmo. Meus franzinos bracinhos de 15 anos sustentavam o peso de sete pessoas. Ao fim da subida, eu senti alívio ao não sustentar mais o peso. Alívio esse que se transformou em horror ao aparecer a primeira descida! Eu até hoje não sei de onde tirei forças pra sustentar no braço à mim mesmo e àquelas seis pessoas cujo peso foi ferozmente projetado para frente. A cada curva, eu sentia o horror do perigo de sermos lançados para fora. A cada subida e descida, eu sentia o Capitão dar um Shield Slash no Samurai pela infeliz sugestão. E a cada tremedeira acentuada do carrinho nos trilhos frouxos eu beirava às lágrimas, implorando pra não morrer. Ao chegar na estação, o carrinho deu uma parada brusca que quase me projetou para a frente, em cima dos trilhos, onde eu seria massacrado. Saí do carrinho pálido, tremendo ligeiramente, meus músculos fazendo-me mil promessas de dor para o dia seguinte, e o Samurai Urbano semi-inconsciente de tanto tomar Stars and Stripes do Capitão América.

Ficamos algum tempo sentados num banco em frente ao brinquedo, olhando os outros trouxas. Dava pena do desavisado que sentava na frente do carrinho. Num dado momento, um dos carrinhos que serpenteava pelos trilhos não teve energia cinética suficiente para cobrir uma pequna elevação; parou, voltou, gangorreou um pouco e parou nos trilhos no meio do percurso. Confusas, as pessoas não reagiam, atônitas, até alguém reparar que vinha outro carrinho, a poucos segundos de se chocar com o deles!

Ocupantes: O que a gente faz? O que a gente faz?
Operador: PULA!

E assim eles fizeram! O outro carrinho, imediatamente depois, se chocou com o carrinho parado. No impacto, o pobre ocupante da frente foi ejaculado como um anão australiano, acabando por aterrisar no carrinho que obstruía o caminho. Os outros apenas se enrolaram uns sobre os outros, por efeito do choque. Até hoje não sei como ninguém se machucou nesse episódio.

I've seen enough! Vamos embora! Saindo do evento, algumas confusões espalhadas nos deixaram apreensivos, e apressadamente nos dirigimos de volta à civilização. Depois de já estarmos de volta à casa do Renato, não pudemos deixar de notar algumas pessoas correndo em franco desespero sob o soar de revólveres, e de agradecer nossa maravilhosa noção de timing...

Esse é só o meu depoimento sobre o pesadelo do Inferno Quente. Todo santista tem sua história. Todo santista já viu o horror de perto...

O horror... o horror... O HORROR!!!!