domingo, 20 de julho de 2008

Lendas Lendárias do Cursinho: Parte 2/3 - Algumas histórias

Oh yes! A espera valeu a pena! Finalmente trago-lhes hoje algumas das histórias dos tempos de cursinho.

Das minhas histórias favoritas tiro primeiro as cartas ao Igor. O nosso professor de História, além de ser um excelente professor, era dotado de uma voz grave e impressionante. Era hábito no cursinho os alunos enviarem as dúvidas ao professor por pequenos bilhetes, bem como comentários e observações. Um belo dia, o Judeu enviou um bilhete ao professor.

"Querido Igor. Estava com saudade dessa sua voz aveludada.
Ass: Vítor Carrera"

Estava lançado. Em meio às gargalhadas da turma e protestos do Carrera, começava aí uma tradição. Todas as quartas-feiras, durante a aula de História, Judeu, Carrera, Pantera e eu desenvolvíamos bilhetes de conteúdo romântico, erótico e cômico ao professor. A presença de certas expressões-chave, como "voz aveludada", "cavanhaque", "amante latino", entre outras era imperativa, e os mesmos vinham sempre assinados por alguma figura de destaque da classe. Impossível, após tantos anos, lembrar-me de uma das cartas até os mínimos detalhes, mas acho que ainda consigo simular um trecho... imagine que este que se segue foi retirado de uma das cartas que escrevíamos:

"Igor, passo noites em claro sonhando com sua paixão latina. Quero sentir seu cavanhaque roçando minha nuca, ouvir sua voz aveludada sussurrando besteirinhas no meu ouvido enquanto nos enroscamos pelas areias de uma praia deserta como dois mangustos excitados." ... e por aí vai...

O professor parava, lá pela metade da aula, anunciando "Hora dos comerciais" e lia seus bilhetes com sua pré-mencionada voz retumbante, sendo nossas cartas o momento mais aguardado por todos. A classe inteira ria, mesmo os alunos mais sérios e aplicados. O momento derradeiro era quando o professor anunciava o "autor" da carta, sempre pego de surpresa.

Classe: *gargalhadas*
Igor: "Com amor, Phil Colins"
Phil: ahahahahaha... ei! Eu não, eu não!
Classe: ahahahahahaha! Puto! ahahahahaha!

Não sei dizer com certeza, mas uns 90% dos apelidos mencionados no último texto assinaram cartas ao Igor (inclusive o meu, do Judeu e do Pantera. Fora o preço por se omitir da carta no dia)

Dizia-se que o professor Wilson, de física, era gay, apelidado carinhosamente de Seu Peru. Ao entrar na classe era saudado pelos alunos com calorosos "glu glu", que sempre se encerravam ao início da aula. Um dia, porém, um dos alunos se excedeu e prosseguiu fazendo glu glu durante a aula, ao que o professor, encolerizado, respondeu: "Vem cá, moleque? Cê é retardado? Cê tem problema, porra? Cala a boca, idiota!", para júbilo do resto da classe.

Dizia-se que o professor de Literatura era seu irmão. Reconhecidamente bom de copo, Rafinha sempre encerrava suas aulas com um efusivo "Meninas, juízo! Rapazes, não bebam!", ao que era respondido com coros de "Hipócrita!" (coros esses feitos sempre que o mesmo condenava o álcool durante suas aulas). Rafinha possuia um conhecimento impressionante de sua área, e era fã confesso de Camões, chegando a vir em trajes de gala no dia em que daria aula sobre o poeta. Sempre que fazia referência ao mesmo, anunciava "o maior escritor da língua portuguesa", inspirava profundamente e se preparava para praticamente bradar "Camões!", sendo 99% das vezes interrompido por algum aluno dizendo "Paulo Coelho!", ao que ele respondia com um ríspido "Bobão!". Ainda durante as aulas, ao ter suas perguntas corretamente respondidas por alunas, os outros alunos pediam que ele as beijasse. Ele dizia "Gente, eu não posso! Eu fiz um juramento!" enquanto se encaminhava para a mesa da aluna, enquanto os outros alunos diziam "Ah, foi na UNIP, não vale!" Beijava e comemorava discretamente e voltava. Todos provocavam "A do lado!", e tudo se repetia. E assim ia, até que "a do lado" fosse um homem, ao que ele respondia "Epa! Peraí! Eu posso estar sozinho, mas sei o que quero!" Quando fazia menção à homossexualidade, dizia que fulano era "... como meu irmão, professor Wilson". Mas um dia em que a sala estava particularmente indisciplinada realmente impacientou o Rafinha, que gritava "Chega! Chega!" Para surpresa de todos, Wilson passou em frente à classe e imitou: "Chega! Chega! Porra, vira homem, rapá!", destruindo agora qualquer tentativa de silenciar a classe.

A última história de hoje (contarei mais no próximo post) é a famosa história do Pêssego, para fechar com chave de ouro. O professor Fabião vivia a mencionar uma certa história envolvendo pêssegos e o professor Sílvio (cujo nome ele dizia sempre após fingir soprar os cabelos para fora dos olhos, em referência aos cabelos lisos do professor de Química), mas nunca chegava a contar a história. Um dia, após feroz insistência, ele contou a história.
Reza a lenda que o professor sempre teve uma fantasia de comer pêssegos de cima de uma garota. Uma bela noite, uma garota topou realizar essa fantasia. Daí brincadeirinha vai, brincadeirinha vem, num dado momento ele estava a comer um pêssego colocado bem sobre a toca do tubarão. um movimento pouco coordenado, o pêssego escorregou pra dentro! Cutuca daqui, cutuca dali, mas não conseguiu tirar o pêssego (e a guria devia estar achando o máximo!), e acabou deixando lá mesmo! Mas como se não bastasse isso, no dia seguinte ele recebe uma ligação no celular. Era a guria, aos prantos "Ai, acho que eu abortei! Fui no banheiro, daí saiu essa coisa meio laranja de mim, eu tou tão assustada..."

Semana que vem eu posto mais algumas, pois um texto muito longo acaba enchendo o saco. sem contar que, fazendo isso, garanto visitas por mais uma semana xDDDDDD

Será que alguém do cursinho está lendo isso?

domingo, 13 de julho de 2008

Um interlúdio educativo

Eu não costumo escrever coisas sérias por aqui... geralmente é a válvula de escape das minhas bobagens... mas hoje vai servir como válvula de escape da minha frustração como cidadão, escritor, estudante e (tentativa de) intelectual.*

*Desculpa, mas as histórias do cursinho vão ficar pra semana que vem.

Ontem eu tava assistindo o programa do Jô, quando foi entrevistado o ministro da Educação. Fazia tempo que não via o Jô, e fico muito feliz por não ter ido dormir cedo ontem, pois foi uma entrevista assaz interessante. Devo dizer, porém, que mais do que informado ou entretido, essa entrevista me fez bastante pesaroso.
O que posso dizer do nosso admirável ministro é, infelizmente, um triste adjetivo: pobre coitado. Sim. Sabe aquela cena do filme "O Último Samurai" em que aqueles guerreiros valorosos e competentes são alvejados por gatling guns? Ele é o general samurai: um grande espadachim cercado de idiotas com metralhadoras.
Apoiar a educação no país já é uma dança da morte. Vivemos num país de bosta que aprovou o corte de verbas para a educação no clímax da Era da Informação (tipo Rise of Nations, quando você chega no máximo, fraga?) e o resultado só poderia ser o que aconteceu exatamente: os países que investiram na educação progrediram e alcançaram os céus, enquanto o Brasil, com seu vasto capital mal-investido, continuou à deriva do mundo moderno.
Ser professor no Brasil é uma merda: se você é professor de escola particular, você é pago pra ensinar as pessoas a ganharem mais dinheiro que você. De escola pública, é pago pra fingir que ensina. Os alunos fingem que aprendem, o governo finge que fiscaliza e o Brasil finge que tá melhorando. Aos 33 anos, o ex-aluno finge que foi educado e eu finjo que me importo com a situação dele do outro lado do balcão da lanchonete.
Outra coisa que me revolta, como eu acabei de mencionar, é a fiscalização do ensino. O ENEM é uma piada de muito mal gosto. Eles adoram publicar todo ano como os resultados do ENEM melhoram progressivamente, que o ensino médio brasileiro está se aprimorando... o que eles não dizem é que o ENEM é uma ofensa ao corpo docente brasileiro e aos alunos avaliados! As perguntas são fáceis, ridículas... eu já vi passatempos de gibi da Mônica mais difíceis que questões do ENEM. O próprio governo está dizendo aos brasileiros: "Ô idiota! Responde isso aqui direito pra eu poder dizer pros outros que não é graças à nós que você não vai conseguir passar no vestibular!"
Pra finalizar com a pataquada que é o disfarce da péssima educação pelo governo, fica a questão dos vestibulares. Ao invés de melhorar e trabalhar o ensino, o próprio governo tá jogando às favas. Como quem diz "Não tem jeito, vamos é tentar enrolar", vão destacar vagas exclusivamente para alunos de escolas públicas. Ou seja, um cara que fez o colegial em escola pública e depois fez cursinho pré-vestibular, estando assim tão capacitado quanto eu, tem mais chances de ser aprovado no vestibular, porque tem vagas reservadas para ele! O governo empurra o problema com a barriga direto pra dentro do meu cu.
Outra coisa que me revolta é a falta de incentivo à leitura. A única injustiça do mundo que eu perdôo é o preço dos livros; esses receptáculos de conhecimento deveriam ter seu peso avaliado em ouro. Acontece que aqui no Brasil isso de fato parece acontecer; além de ser um país com uma média baixíssima de leitura (30 livros por pessoa/ano), o pouco atraente preço dos livros não facilita em nada sua popularização. Com os livros caros, poucas pessoas lêem. Quando uma pessoa não lê, priva-se deliberadamente de conhecimento. E só pra completar, faz com que seja uma luta infernal ser escritor no Brasil, já que não há "mercado".

Bom... pra não dizer que só tou falando mal, tenho que aplaudir as mais recentes ações do ministério da Educação. Lembra do corte de verbas da educação que eu mencionei? (que por sinal, foi uma MEDIDA CONSTITUCIONAL CONTRA A EDUCAÇÃO, vê se pode?) Pois é, acaba de ser revogado. Agora é só repassar um pouco desses BILHÕES que sobram por ano nos cofres públicos para as escolas e bibliotecas. Além disso, foi aprovado um piso salarial para o magistério brasileiro; no more professores recebendo salário mínimo, e plano de carreira para professores formados. Não é muito, mas já é alguma coisa. E finalmente, a reinstauração da filosofia e sociologia como disciplinas obrigatórias. São duas áreas de absoluta importância na formação do cidadão e do ser humano: é preciso - não... imperativo! - ensinar a ciência do pensar e do agir! Qualquer pessoa deve saber e compreender o mundo onde vive, a sociedade que o cerca, e acima de tudo, a si mesmo na medida do possível.
Fica aí a bronca e o aviso, mas também os parabéns ao progresso recentemente alcançado. Não adianta tentar consertar o país: tá uma bosta! Conserte o brasileiro que é mais fácil. Com brasileiros 2.0 fica mais fácil construir um país melhor.

domingo, 6 de julho de 2008

Lendas Lendárias do Cursinho: Parte 1/3 - Apelidos

Ontem à noite, antes de dormir, estava deixando a imaginação divagar, e fiquei lembrando dos tempos do cursinho. Ah, aquele fora um dos melhores tempos da minha vida. E como era divertido, nossa! Achei que valia a pena dividir essas histórias aqui com todos. Dividirei em dois textos: personagens e histórias.

Se você era sequer do mais remoto destaque no cursinho, se você era visto como elemento e ser humano, você tinha um apelido, e todos têm boas histórias para acompanhá-los.

Borbolet - Bom, esse era eu xD Carrera resolveu contar da primeira vez que bebemos juntos, e como eu estava imitando borboleta (na verdade era uma gaivota, mas foda-se, é mico do mesmo jeito xD), e o apelido pegou.

Carrera - Ele trouxe esse apelido da Pump, daí acabou ficando assim mesmo. Mas alguns o chamavam de filho do Fabião, pois ele é grande e gordão como o professor Fabião.

Judeu - Não sei bem porque começamos a chamá-lo de Judeu, mas ele ficava muito puto quando o fazíamos, então tanto foi que uma hora pegou.

Pantera cor-de-rosa - Naquela época, Carrera e eu zoávamos dizendo que Megadeth era banda de viado, e era a favorita dele. Um dia ele apareceu com uma camisa do Pantera, daí nasceu o apelido.

Predador - Um cara com uns dreads cabulosos. Foi Predador na mesma hora. Foi também o cara que me apresentou ao mundo das dogras.

Adotado - Na época, Carrera, Judeu e eu ouvíamos Anal Cunt, que tinha uma música chamada "You Look Adopted". O Judeu virou um dia pra esse cara e disse "Você parece adotado!". Pegou.

Eminen - Sem comentários.

Phil Collins - Um cara que, apesar do cabelo moicano, era igualzinho ao Phil Collins.

André Matos - Outro clone de uma figura famosa.

Zidane - Igualzinho ao Zidane; careca e tudo.

Boné Rosa - Um cara que ia sempre de boné rosa pra aula. Quando ele entrava, o judeu soltava em falsete "Boné rosa!". Mas o cara era gente boa mesmo, e levou na esportiva. Às vezes ele ia de touca verde ("Touca verde!") e às vezes sem nada ("Samambaia!"). Esse cara era um dos maiores trutas da galera, e até hoje usa Boné Rosa no nick do orkut.

Boné Branco - Ao contrário do Boné Rosa, Boné Branco não levava na esportiva. Pegou pilha, daí a gente azucrinava o cara.

Dark Side - Uma japa muito linda, que nos distraía da aula e nos impedia de estudar, nos arrastando para um futuro sem faculdade. Daí, Dark Side.

Anakin - O cara que pegou a Dark Side. Or so history tells.

Fofão - Um cara que ia sempre de macacão, além de ter um cabelo grande e vermelho.

Fifo - Um soldado chamado Filadelfo.

Conchita - Uma chilena que sentava atrás da gente.

Maicou - Um cara que só pegava menina de 12, 13 anos, apelidado então de Michael Jackson. Mas sua gramática horrível acabou rendendo ligeira alteração ao seu apelido.

Peri ou Padeiro - Antes era Peri por ele morar em Itanhaém. Mas depois virou Padeiro, por arroizar todas as garotas da classe e não pegar nenhuma.

Negresco - Uma menina que usava um piercing preto sobre o lábio, parecendo que tinha um farelo de Negresco na cara. Ao contrário do que pareça, ela levou na esportiva.

Jesus - Cabelo comprido e ondulado, barbicha, voz pausada e calma. Jesus.

Apóstolo Pedro - O cara que andava pra todo lado com o Jesus.

Simão, o apóstolo trapalhão - Um cara com cabelo loiro enroladinho e barbicha, parecido com a imagem bíblica de Simão. Mas o fato dele ser um dos mais malucos do cursinho rendeu-lhe esse trocadilho com o filme do Didi.

Casada - Apesar da tenra idade, a menina era casada.

Popeye - Não sei porque, mas sempre foi Popeye. Outro que trouxe apelido de fora.

Piupiu - Um rapaz franzino, que teve a má idéia de sentar vestido de amarelo na frente da classe na aula do professor Abe, quem o apelidou.

E pensa que só os alunos tinham apelidos?

Sub-Zero - O porteiro se chamava Lindomar. Do the math.

Pêssego - Esse professor de química recebeu esse apelido por uma história que contarei no próximo post.

Seu Peru - Boatos diziam que esse professor de Física era viado.

Rafinha Canabrava - O professor de Literatura era muito bom de copo.

Amiguinho - Esse professor de química usava a palavra "Amiguinho" como pontuação. Terminava uma em cada três frases dizendo "Amiguinho", e nós fazíamos apostas para ver quantas vezes ele dizia por aula (sempre mais de 50).

Jurássica - Até os outros professores diziam que a professora de português não vira o dilúvio, mas pisou nas poças d'água.

Amante Latino - As histórias desse professor de História estão entre as melhores que tenho pra contar.

Papai Noel, Mestre dos Magos ou Anão do Golden Axe - Baixinho, barrigudo, barbudo e careca, esse professor de História era uma figuraça.

Moisés - Quando o professor de Inglês entrava na classe, começava o Êxodo. Quase ninguém assistia essa aula.

Kevin James - Esse professor de Física era igualzinho ao ator Kevin James.

Efeito Ilha - Esse professor de Física não acreditava na Lei na Gravidade, e era a favor de uma teoria entitulada "Efeito Ilha".

Batatinha - Esse professor era baixinho e gordinho, como o amigo do Manda-Chuva.

Caixa d'água - Esse professor de matemática tinha uma cabeça bastante significativa. Foi quem batizou o "Efeito Ilha"

Animador fracassado - Esse professor de matemática dava aula como um apresentador de programa infantil da Rede Vida.

Vovô bolado - Esse professor de biologia é um dos maiores trekkies do Brasil, e ainda malhava bastante, apesar da idade que lhe atribuíamos (que nem era tanto assim xD)

Bom, agora que já conhecem o elenco, semana que vem postarei algumas das histórias. São tantas que talvez eu faça mais de um post... até o momento só tenho certeza de que contarei a do Pêssego e as cartas do Igor, o resto voltará à minha mente à medida que escrevo.

*Thanks Carrera, por me lembrar de alguns nomes*