domingo, 18 de maio de 2008

Balada em Castanhal

"Não vai tocar brega nem funk, é só psy, dance, techno... vai ser legal"
Foi com essas palavras que minha irmã me convenceu a ir com ela e a turma dela numa balada que ia rolar naquela noite. Acho que eu tive um lapso, sei lá... Minha inteligência já me traiu algumas vezes, eu estava tão entediado e solitário naquele dia que...

Come to think of it, eu nunca cheguei a explicar como funcionam os conflitos na minha cabeça, né? Sabe aquele lance do anjinho e do diabinho discutindo? Comigo é quase isso, mas funciona pra tudo, não só pra bem e mal.
De um lado está o Capitão América. Ele que me instrui a agir com ética e sabedoria. Ele representa tudo o que eu tenho de bom, justo, honesto e inteligente, ou seja: quando eu faço o bem a alguém, ou tomo uma atitude correta, é porque o Capitão venceu.
Do outro, porém, está o Samurai Urbano. Ele representa tudo o que eu tenho de podre, maligno e estúpido, ou seja: sempre que eu prejudico alguém ou faço merda, é porque o Samurai ludibriou o Capitão (porque vencer, ele não vence) e me instigou a tomar a atitude errada.
Com isso esclarecido, prossigamos com meu relato.

Capitão América: Não sei não, Loner... Uma balada numa cidade do interior do Pará não me parece bom negócio. É melhor você ficar em casa jogando Breath of Fire!
Samurai Urbano: Ah cara, ir em balada é muito coisa de BRANCO! Cê tem que ir nessa balada, que você vai pegar todas as minas e dançar, e todo mundo vai achar RULEANTE! Vai ser SHIROI! SHIROI! *batendo na perna*
Capitão: Loner, pensa bem! Todas as minas vão ser feias! Além disso, você viu algum lugar onde pudesse ter uma balada legal nessa cidade? O ambiente vai ser horrível!
Samurai: *fingindo voz nostálgica* A Spirit of London também foi num lugar terrível, aquele sambódromo... mas foi mó legal, né? Tava o Femow, o Syber, a gente conheceu o Spider... e a música tava excelente, lembra?
Capitão: *olhando melancolicamente para o céu* É, né? Puxa, aquela noite foi tão engraçada... Lembra aquela hora que...
Samurai: *sorri, erguendo a espada* Vamos lá, Loner! Vai ser shiroizíssimo! Shiroi!

Com o Capitão América entorpecido pela solidão, o esguio Samurai Urbano me convenceu a tomar a decisão errada. E naquela noite eu, minha irmã e a vizinha (uma mina chata que nem a minha irmã) fomos até a praça Estrela encontrar a turma dela pra irmos pra balada.
A praça da Estrela é um antro de desgraça. Na praça em si roda todo tipo de gente estranha. No estacionamento da praça ficam toda sorte de manés. Uma cambada de boyzinho sem graça abre seus porta-malas com sons gargantuais, e tocam... BREGA! E em volta fica uma cambada de pé-rapado, curtindo o som dos caras, que ficam se achando. 9 em cada 10 dessas minas são feias, e 8 em cada 10 caras querem arrumar briga.
Ao redor da praça, fica todo tipo de bar de bosta. Umas tranqueiras que tocam som péssimo altíssimo (única exceção é um bar que toca um rock maneiro) que impedem a gente de conversar, e superfaturam os produtos (apesar das cervejas custarem 3 reais, isso por aqui é superfaturar xD). Sentamos num bar nojento tocando um reggae horrível, e começamos a conversar.
Os amigos da minha irmã acabaram por se revelar caras legais. Um deles, Cledson, também veio de Santos, e morava pertinho de casa! E ficamos lá, a conversar, naquele lugar horrível. Uma hora precisei ir ao banheiro. Ao entrar, o cheiro fétido daquele lugar sem luz invadiu minhas narinas, e meus pés pisotearam o chão inundado. Eu sou um homem feliz por acreditar piamente que naquele chão só tinha água.

Mas chegou o momento derradeiro: a balada. Chegando no lugar, eu já estava me arrependendo. Era tipo um buffet de festa. Entrando, eu me senti num jogo de RPG medieval: algumas princesinhas espalhadas entre camponeses e dragões. Mas isso não foi o pior; o pior foi o funk pancadão tocando! Porra, essa não era uma festa sem funk e brega?!?!
Olhando em volta, eu comecei a me divertir, pois ver pessoas dançando funk sempre me diverte. Acendi um cigarro e me apoiei na parede, só admirando a paisagem. Uma hora, como era de se esperar, começou a tocar a Dança do Créu. Poucas coisas nesse mundo são tão hilárias quanto um salão repleto de pessoas dançando o créu. Quando chega na velocidade 5, então, eu até me dobro de rir, sendo impossível conter as gargalhadas.
Já quase indo embora, começa a tocar um psy maneiro. Daí eu fiquei lá curtindo, e logo comecei a dançar. Fiquei lá uma hora inteira, e até que me diverti bastante. Cansei e fiz uma pausa pra tomar uma cerveja. Assisti algumas brigas se desencadeando e, a custo, sendo contidas.
Num dado momento, tocou uma música cujo refrão era:

My dream is to fly
Over the rainbow, so high

O DJ achou que ia ser maneiro cortar a música, e deixar as pessoas cantarem o refrão, já que é uma música muito conhecida... entende o que eu quero dizer? Porém, acompanhe meu raciocínio: já no sudeste, só uma parcela não muito grande da população fala inglês. No Pará, é menos gente ainda. Que dirá numa cidadezinha do interior? Pois é... entenderam onde quero chegar? Um salão cheio de gente balbuciando fonemas que lembravam a música xD

Quando eu já tava me preparando para voltar pra festa, começa a tocar brega. E foi aí que eu vi uma das coisas mais engraçadas que já vi na minha vida: pessoas dançando brega.
Funciona assim: assume-se posição de dança. Então o homem gira a mulher, aquele passinho clássico de dança. Então a mulher gira o homem. Aí o homem gira a mulher de novo. Aí a mulher gira o homem de novo. E ficam assim, revezando-se em girar o outro infinitamente! Quando eu me dei conta de que aquilo era dançar brega, comecei a rir ainda mais do que vendo a dança do Créu velocidade 5. After further research, eu atestei que, de fato, é assim que se dança brega.
Aquilo, pra mim, foi demais. Peguei minhas coisas, fui embora, não queria mais voltar. E voltei pra casa, que ficava uns 10 minutos de caminhada. Enquanto caminhava:

Capitão América: Cheer up, soldier! Você tomou umas cervejas, dançou, conheceu gente legal. Nem de longe foi uma noite perdida!
Samurai Urbano: É, mas não é a mesma coisa sem os amigos. O legal dessas baladas mesmo é ir com a turma e zuar, aqui assim não é tão bom.
Capitão: Dá licença, cara? Estou tentando levantar a moral do soldado, a noite até que foi muito boa!
Samurai: Ah, você também gostou? Ruleante! Então por que a gente não vai numa festa que vai ter na...
Capitão: FINAL JUSTICE!!!!!!!!

Cheguei em casa de muito bom humor e tratei logo de ir dormir, fazendo o máximo para me lembrar bem dessa noite e depois escrever para a posteridade sobre por que não devemos ir a baladas no interior do Pará.

7 comentários:

apenas desabafo disse...

no meu aniversário no ibira era o samurai que estava no comando então?

Dani.chan disse...

Ah, nem foi uma noite perdida, ao menos você riu xD

Marko, o "Festa" disse...

Olha, sinceramente, eu no seu lugar teria ficado em casa jogando Breath of Fire! =P

Renato disse...

FINAL JUSTICE!!!

Fong disse...

mano, ri de tudo
ASOIEHASEOIHSEAOIHSAEIOHSEAIOHEAS

seus posts são os melhores pqp.

Z disse...

HUIHIHUEUHAIHIHEAIO
excelente

e ow Loner, pq VC num promove uma balada ao estilo sudeste ae?

Anônimo disse...

FINAL JUSTICE!!!

hahaha