terça-feira, 7 de abril de 2009

For whom the bell tolls - Literatura

Quem adivinha quantos anos eu tinha quando aprendi a ler? Não, não foi com 16! Foi com 3. Aos 3 anos de idade, em 1989, eu já lia os livrinhos da Disney e gibis da Mônica. Aos cinco, ganhei um livrinho chamado "Para gostar de ler", com historinhas curtas de autores consagrados como Carlos Drummond de Andrade e Rubem Braga. Meus pais se enchiam de orgulho de seu menininho prodígio, amante da literatura já em tão tenra idade...

"Mas Pedro, você então quebrou seu paradigma? Tudo que você gosta você começou a fazer aos 16 anos, menos isso?" Oh não, let's not be hasty! Veja bem... aos 6 anos eu ganhei um Mega Drive! Quem vai fazer uma criança ler quando ela está tão entretida fazendo Axel Stone socar dezenas de marginais, ou marcando gols no Fifa Soccer '92? A Sega tratou de levar todo meu interesse pela cultura e substituí-lo pela velocidade supersônica de um porco-espinho azul.

Dez anos depois, porém, eu ganhei um dinheiro da minha avó, no meu aniversário. Como já tinha acabado de ganhar dos meus pais um Final Fantasy VIII, não estava realmente interessado em comprar nenhum jogo... e eis que me vi na seção de livros do Extra. Olhei em volta, olhei alguns livros... e saí de lá carregando "Frankenstein" e "Um Estudo Em Vermelho". Cheuei em casa com o fruto de minha empreitada, e isso muito a surpreendeu. Ora, há muitos anos eu mal lia os livros que a escola exigia! Apesar de minhas excelentes notas em redação e a facilidade com que aprendia outros idiomas, acho que ela não realmente esperava que eu despertasse algum interesse pela escrita novamente.

E o tempo assim passou... dia após dia, e eu sempre lendo alguma coisa. Mês após mês, e eu começando a ter autores favoritos: Stephen King, Conan Doyle, Robin Cook, John Grisham, Raymond Chandler... com Franz Kafka sempre encabeçando a lista. Ano após ano, e eu aprendendo a identificar o estilo de cada autor, suas características, suas influências, e aprender com eles. Não demorou muito até que eu começasse a escrever umas pequenas coisas: pequenos contos, poemas; devaneios, geralmente, todos perdidos para o tempo ou minha recusa em expô-los a alguém além de mim mesmo. Minha criatividade nunca conheceu limites, apenas minha redação os enfrenta até hoje.

Sete anos se passaram desde minha incursão nesse mundo da literatura, e meu estilo já amadureceu muito: calculo ainda esse ano chegar à marca de 200 títulos lidos, aprimorar ainda mais minha redação, minha gramática, e minha capacidade de colocar no papel o que minha mente usa para me tirar o sono noites à fio. E por falar em escrever, aqui vai um trechinho do meu trabalho, só pra dizer que não sou só conversa:

- Mas o que você planeja fazer, Vincent? – perguntou Luana, tomando um gole de seu café – Investigar por conta própria?
- Claro! O que mais eu poderia fazer? Cruzar meus braços e fingir que meu amigo não foi morto por uma pessoa horrível que deve ser descoberta e punida? Ces’t absurde! Vou até o fundo disso!
- Mas o que você poderia fazer? Não temos nenhuma pista de quem fez isso, nem por que. É como procurar uma agulha num palheiro! Não é melhor deixar o caso nas mãos da polícia?
- E fazer o que, mon ange? Toda noite, antes de colocar a cabeça no travesseiro, ajoelhar-se na frente da cama e implorar aos céus por justiça? – sua voz era irônica e ácida. Estava abertamente criticando Luana por sua falta de iniciativa – Aguardar que desconhecidos descubram os culpados de nos tirar um pedaço de nossas vidas, e torcer por um merecido castigo? Decerto que não! Não ficarei sentado esperando!
A voz de Vincent não perdeu o tom suave de sempre, mas tinha algo por trás disso. Havia um fulgor, uma sede de vingança inexorável. Luana sentiu-se ligeiramente envergonhada de não ter tanto rancor e ódio do assassino de seu amado quanto o homem à sua frente.
- Eu sei o que você está pensando, Luana. – interrompeu-se Vincent, retomando a calma e a voz reconfortante de outrora – Mas não se sinta mal, não sinta como se não gostasse dele o suficiente. Acontece que você ainda vê a situação como se tivesse ocorrido um acidente, um infortúnio. Você ainda não absorveu a idéia de que Reinaldo foi assassinado, e que sua morte foi um crime causado por um agente externo. Uma pessoa que provavelmente você conhece, e que teve um motivo para fazer o que fez. E quando você realmente compreender isso, então você vai querer vingança tanto quanto eu. Talvez até mais.

E agora, já escrevi demais. Hora de dar uma relaxada. Semana que vem, o último pilar da minha existência, para seu entretenimento.

5 comentários:

Clara disse...

Olá!
Encontrei seu blog através do blog do Ivo. Achei muito interessante a forma que você apresenta aqui os "pilares da sua existência". Mas foi lendo sua 1ª post de 2009 que me identifiquei totalmente com o que foi meu 2008, além de ter adorado o diálogo do bêbado com a moça no ônibus.
Você é escritor profissional mesmo? Pelo visto leva realmente a sério o blog, ao contrário de mim, que acabei utilizando o meu só como um "quartinho de bagunça" da minha criança interior, sem compromisso com qualidade nem nada. XD
Vou seguir essas posts...

Thequila disse...

Que bom, cara! Sabe que eu vou ser um dos primeiros a comprar teu livro, assim que lançado, né? ^^
Bah, eu aprendi sozinho aos 5, e por isso, nunca mais larguei... e já passei os 200, mesmo que eu não mantenha uma contagem exata ^^

Vanessa Kairalla disse...

nossa que legal... depois posso ler sua obra?
quando tiver pronta... ahahahaha
tá tipo HUMILHANDO o meu trechinho nojento do meu conto sem graça ;-;
:***
Eu não sei com que idade comecei a ler o_o não lembro xD
Mas acho que leio muito desde sempre, mas nunca soube escrever :/
E nunca saberei, pelo visto hahaaha

beeeijos :**
e boa evolução literária para você :D

Unknown disse...

Pedro você terá que me mostrar seus projetos de livro :D Adoro contos, poemas e tudo mais! E com esse trecho que você colocou me deixou louca para saber quem matou Reinaldo!!

Eu comecei a me apaixonar por literatura só agora.

Minha contagem até ano passado estava no 20 e olhe lá devido aos livros do colégio apenas! Já esse ano estou lendo meu décimo que, para mim, já é muito! (Ainda por cima que 3 deles chega a ter quase 700 páginas!)

Um dai eu chego no 100 e quem sabe 200 e assim por diante!

A maioria dos livros que li na vida foram de computação, ai passa dos 50, todos envolvendo muita programação, lógica, fisica e matemática, deve ser por isso que fiquei boa nessa área o.o

Ah Loner, desculpa o sumiço! Mas já estou acompanhando tudo novamente :D

E escrevi uma pequena bíblia no seu post anterior..;x

Beijos!

E quando você lançar seu livro quero ser uma das top 10 a ter primeiro E autografado!

;**

Boizo disse...

^^


Gostei cara. Uma das minhas frustrações é nunca ter aprendido a gostar de ler. =/

Gostei do trecho.