sexta-feira, 24 de abril de 2009

For whom the bell tolls - Mulheres

Sim, o fatídico tópico veio à tona. O assunto sobre o qual eu não gosto de falar, mas acabo falando mais que todos os outros. Aquilo no qual eu tento não pensar, mas penso o tempo todo. Aquilo que já significou-me tão pouco, depois me amedrontava à evasão, e hoje me atrai e me prende como um clipe ao ímã. Estou falando dessas adoráveis crias de nossas costelas, musas isentas de cromossomo Y, a mais viciante de todas as drogas: as mulheres.
All right, você está pensando em fazer piadinhas sobre eu só começar a gostar de mulher aos 16, né? Não é bem assim, caro leitor. Gostar eu, no fundo, sempre gostei. Lembro-me que aos 6 anos eu já gostava de uma menina da minha classe e, apesar de ser aquela coisa sem malícia, de criança, já tinha certeza da minha heterossexualidade desde as fraldas. O fato é que eu sempre fui um rapaz introspectivo e MUITO tímido. O fato de ser baixinho, chato e sem-graça não fornecia também nenhuma ferramenta pela qual minha popularidade pudesse crescer autonomamente, e ser o nerd chato da classe não é exatamente o ambiente ideal para um jovem desevolver sua extroversão. Hence, sem nenhum atrativo às fêmeas que eu pudesse exibir, nem o know-how para atraí-las "no papo", eu passei quase toda minha adolescência secretamente angustiado, querendo não o sexo (bom, um pouquinho, sim), mas aquilo que os abençoados e os idiotas chamam de amor.
Aos 16 anos, em 2002, eu ainda não tinha esse know-how. Graças ao Tae-kwon-do eu já era um rapaz atlético, confiante na minha força, e isso me deu mais desenvoltura no trato social. Era como se eu pensasse, inconscientemente "Se alguém não gostar de mim, eu posso resolver no braço.", ainda que todos saibam bem que briga não é exatamente minha praia. Então eu já falava com as pessoas ao meu redor sem abaixar a voz, nem a cabeça; não enrubescia ao cumprimentar alguém pela primeira vez, algo que fazia com um aperto de mão firme e um sorriso amplo. Mas meninas?!?! AMAGAD! Oh não, não sei lidar com elas! Meninas gostam de coisas diferentes, elas fazem coisas diferentes! Eu não posso bater numa menina que me ache um idiota, E TODAS ELAS ACHAM QUE EU SOU UM IDIOTA, EU SEI QUE ACHAM!
Meus amigos foram ícones valiosos nesses conflitos. Afinal, todos eles já tinham beijado alguma menina, e eu não, fato esse que a maioria das pessoas gostava de lembrar com divertidas piadas, zombarias, e até canções. Eu fingia não ligar, mas a angústia me consumia. O Gustavo, grande amigo, figura de imensa influência no desenvolvimento de minha personalidade, também zombava, mas muito ajudava. Um dia fundamental foi quando eu perguntei: "Gustavo, beijar é assim tão bom? Por que tanto alarde?" Ele respondeu que sim, era bom, mas não pelo beijo em si, mas sim pela relação de intimidade com a menina, de estarem juntos ali, naquela hora, curtindo um momento juntos. Isso não ajudou muito, pois deu um sentido ainda mais profundo a algo que eu já julgava complexo.
E eu tinha 16 anos. Vivenciando mudanças, crescendo, and all that shit. Eventualmente eu acabei me decidindo pelo trato que eu uso até hoje: eu trato as mulheres como homens, e não vejo porque deveria ser diferente. No fim das contas, não há realmente diferenças, mas isso é assunto pra outro dia. The thing is... eu comecei a ter amigas. Eu comecei a falar com meninas, andar com elas, e apesar ainda exibir certa timidez e falar pouco, já não era mais tão isolado.
Then all hell broke loose! Renato me ligou um belo dia, e anunciou sem rodeios que uma menina, de quem eu gostava, também gostava de mim.
...
JÉZUIS! O pânico se misturou à alegria, e eu fiquei fora de mim naquele momento! Naquela noite eu não dormi, inúmeros cenários reproduzindo-se na minha mente fértil. O que fazer, o que fazer? Bem, eu não sabia, e também não tive tempo pra pensar. No dia seguinte, saindo com algumas dessas amigas, encontramos por acidente essa menina. Minha timidez não era novidade pra ninguém, e a dela era ainda maior, se é que isso é possível. Eu gostava dela, ela de mim, ambs sabíamos, mas alguém ia fazer alguma coisa? Nem fodendo! Minhas amigas não julgaram isso aceitável, e fomos literalmente intimados a ficar a sós e "conversar". Depois de mais de uma hora de muita timidez, de conversa monossilábica e nenhum contato visual, eu tomei coragem, num dos momentos mais desafiadores da minha vida, e a beijei.
Nunca esqueci aquela sensação. Até hoje, se fecho os olhos e deixo minha mente divagar, ainda lembro daquela sensação maravilhosa. Aquele calor da respiração, o coração batendo forte, os lábios tímidos, inexperientes, procurando uns aos outros, e o prazer imenso, a satisfação plena de quem consegue exatamente aquilo que quer.
O resto não vale a pena contar em tantos detalhes. Não tem o valor poético desse começo de vida, pois foi nesse exato momento, às 21:45 do dia 27 de agosto de 2002 que eu comecei a viver realmente. Antes, eu vivia por viver. Eu não tinha nenhum real motivo para estar onde eu estava e fazer o que eu fazia, o que quer que eu fizesse. Pra que, de que adiantava viver? Bem, eu não sei o sentido da vida como um todo, como ser humano, mas eu sei o sentido da vida de Pedro Schor: eu vivo pelas mulheres.
Tá, eu sei, nem parece... Mas uma pessoa pode mudar um pouco no decorrer de sua vida. Eu fui já profundamente traumatizado. Há dois anos já que não sabia o que é uma paixão, que não lembrava mais o que era colocar a cabeça no travesseiro com alguém que fizesse despertar um sorriso em meus lábios, que embalasse meu sono. Mas esse ano resolvi mudar. Já que os ferimentos não fecharam sozinhos, eu decidi costurá-los, e a cicatrização ficou boa. É hora de retornar um pouco ao passado, ao Pedro que sonhava com o amor. Se eu já amei, eu não sei. Se eu não sei, talvez não tenha realmente amado. Eu sei muito sobre mulheres, mas não sei nada sobre o amor.
Desde sempre, eu só consegui realmente dar o melhor de mim nos meus textos quando alguma musa me inspirava a criatividade. Se esse texto ficou realmente bom, talvez isso diga alguma coisa sobre a minha situação atual.

9 comentários:

Luiz Linna disse...

DO KRL MLKAOOOOO
NA BOA FLAOW TD BROTHER
AMOR EH AMOR
SE NAO ENCONTROU PROCURE XDDD
ABRAÇOS

Enaíra disse...

Comecei a fuçar blogs alheios e daí o seu e o da Vanessa Kairalla me chamaram bastante atenção. Primeiro, porque VIRGISANTA, vocês são profissionais! Hahahah, eu tô entrando agora nesse mundo de blogs, então tenho que aprender tudo. Segundo porque, ou estou muito enganada, ou já te vi pela Unisantos, hein! Eu estudo lá também ^^
Então, dei uma olhada pelos posts e fiquei assim, impressionada. Engraçado que o teu jeito detalhista de escrever lembra mesmo o do Kafka, que você andou mencionando por aí. Eu nunca li nada desse cara até entrar na faculdade e conhecer Carta ao Pai. Muito surpreendentemente, acabei gostando (mesmo com a prova dissertativa que a gente teve :s).
Bom, vou ver agora se engreno com meu blog (saravá!). E vou parar por aqui porque isso nem parece mais um comentário, e sim um post oO
Até, e parabéns!

Vanessa Kairalla disse...

Primeiro... Que coisa linda essa Arianeee *---* haahahaha (sim, fiquei muito feliz - mesmo discordando sobre eu ser profissional... mas finge que sou ahahahaha)

Segundo... Valeeeeu Pedrooo... logo agora que meu "super medo" de vc estava virando um "quase não medo" vc me escreve " Era como se eu pensasse, inconscientemente "Se alguém não gostar de mim, eu posso resolver no braço.""... e "Eu não posso bater numa menina"... e daí "Eventualmente eu acabei me decidindo pelo trato que eu uso até hoje: eu trato as mulheres como homens, e não vejo porque deveria ser diferente."

... ou seja, eu ainda posso apanhar ;-;

Whatever... c'est la vie.

E que texto fofo, quero dizer, triste, mas fofo :]
eu gosto de feridas cicatrizadas ^^ elas deixam de doer muito, mas continuando dando a mesma experiência :D

beijo :*
e boa sorte menino apaixonado :D

Vanessa Kairalla disse...

ah é!
quanto ao EU dirigir bem... é tipo quase impossível... e não há tranqüilidade e confiança no mundo que melhor isso xD
mas tudo bem ahahaha eu vou aceitar seu conselho e tentar segui-lo :D

E meeeu deus!! Como assim bateu o carro em uma vez por mês?! haahahaha a irmã da sua ex era guerreira hein?! xD

:**

Enaíra disse...

Ah, que nada, eu enrolo bem só, isso sim! Mas eu muito agradeço xD

Iiissoae, foi no Pompéia mesmo! Po, que curso você faz lá? E falando em outros campi, MENINO, eu por muito pouco não escolhi História *-* Mas não sei não, talvez para uma pós acho que rola...

Meu Deus, Tae-kwon-do? Vanessa, eu totalmente concordo com seu medo. hahauhuahuaha!

Clara disse...

Uau! Belo texto! Parabéns a vc e à sua musa por te inspirar. =) Engraçado como quando somos todos jovens demais e achamos o sexo oposto "um bicho de 7 cabeças" sem pensar que o(a) outro(a) está se sentindo da mesma forma. XD
E quando vc disse que beijou pela 1ª vez dia 27/08/2002 me fez relembrar (hum... acho q eu beijei pela 1ª vez nessa época tbm...), fui revirar minha agenda 2002 e bingo!: 22/08/2002! Ô mês bom foi esse pros adolescentes tímidos... XD

Thequila disse...

Blog do Loner tá movimentado, hein o.O
Mas bem, sei exatamente como é essa questão, já perdi a timidez de falar com guria e pá... mas eu não tenho coragem de chegar e beijar, porque eu nunca sei se ela também me quer :(
Mas bem, ainda tenho muito o que aprender ^^

Enaíra disse...

Nossa... diverge mesmo. Acho que a única coisa que eu gosto deles é a música. Nem do inglês eu gosto. É bem aquela coisa de ser mais fácil eu me diverir mais com Chaves do que sei lá, com Friends =]

Unknown disse...

Que texto MARA :D

Eu não tive esse problema com beijo/menino/paixão/possível amor.
Sempre andei com meninos e nunca fui timida, logo aos 8 anos já beijei meu primeiro "amor".
Isso soa estranho, pois com 8 anos devia estar brincando de barbie com as meninas e não escondida atras de um predio com o vizinho (que era um pouco mais velho) aprendendo a beijar..
Acho que perdi muita coisa boa da vida sendo do jeito que sou/fui. Pelo menos aprendi muita coisa e agora estou mudada/mudando...
Nunca aproveitei bem a primeira vez de algo, como beijo, virar minha primeira noite fora, meu primeiro show, primeiro porre, entre outros... Olhando agora acho que quase tudo seria um tanto diferente.. Mais aproveitado eu diria....

Beijos Pedro!!
Saudades!